Retomada da economia fica para 2017; analistas divergem sobre trimestre
Após o novo resultado negativo do PIB brasileiro, economistas preveem que o fim da recessão ficou para 2017.
Para Silvia Matos, da FGV, apenas no segundo trimestre do ano que vem a economia deverá dar sinais de que saiu do vermelho. Sérgio Vale, economista da consultoria MB Associados, arrisca que a virada poderia ocorrer antes, no primeiro trimestre do ano.
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Mas o desempenho do próximo ano não será brilhante. Matos vê expansão de 0,6%, e Vale, de 1% em 2017 –previsão idêntica à do governo. "É um crescimento medíocre", afirma Vale.
Economistas ressaltam que a retração mais forte no fim deste ano drena parte importante do crescimento de 2017, por mera herança estatística.
Os primeiros dados disponíveis mostram que a atividade estava em queda em outubro, sinalizando um quarto trimestre pior que o projetado.
Considerado um termômetro da atividade por registrar o movimento de insumos e mercadorias, o fluxo de veículos pesados nas rodovias recuou 3% em outubro em relação a setembro.
A produção de papelão ondulado (que também ajuda a antecipar o desempenho da indústria) caiu 2% em outubro, na quarta queda seguida.
"Ninguém está vendo sinais de recuperação, o que já começa a postergar a retomada", afirmou Juan Jesen, sócio da consultoria 4E.
Ele apostava em uma recuperação da atividade neste fim de ano, mas agora prevê queda de 0,4% no quarto trimestre e estagnação em 2017.
Para Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, a economia teve "espasmos" de recuperação pelo aumento da confiança gerado pela troca de governo após o impeachment, mas essa tendência ainda não se consolidou.
Ela cita o setor automotivo como exemplo desse comportamento errático. Depois de subir em setembro, a produção de veículos voltou a recuar no mês seguinte.
O economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, reconhece que o desempenho da economia ainda é irregular, mas está um pouco menos pessimista.
Ele pondera que a inflação mais controlada ajudou a liberar um pouco o orçamento dos brasileiros, o que pode dar fôlego ao consumo.
"Acredito que atingimos o fundo do poço neste fim de ano, mas ainda é impossível prever qual será a intensidade da recuperação ou até se a economia vai estagnar."
Para Silvia Matos, da FGV, "não está fácil virar a página". Segundo ela, a chave é a capacidade de o governo entregar as reformas que corrijam a insolvência das contas públicas, principalmente a da Previdência.
"Para sair da recessão, será necessário esforço de todos. Não adianta os Estados jogarem o problema para o governo federal e assim por diante. O setor privado está acuado, é um cenário muito delicado para as empresas, muitas podem quebrar."
Sem a ajuda do consumo (emperrado pelo desemprego), da exportação, e do investimento, contido pela turbulência política, a única alavanca de crescimento que resta é a queda da taxa de juros.
"A percepção de uma atividade mais fraca do que se estimava, com a inflação comportada, abre espaço para uma queda de juros maior ao longo de 2017", diz Vale.
Dessa forma, o custo de empréstimos poderia diminuir, o que poderia pouco a pouco a destravar o consumo e ajudar os investimentos.
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Atualizado em 23/04/2024 | Fonte: CMA | ||
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