Não há espaço para feitiçaria na economia, diz Temer após pacote
Um dia depois de apresentar um pacote com medidas para estimular a economia, o presidente Michel Temer disse que não há mais "espaço para feitiçaria" na área econômica, em uma crítica indireta ao governo Dilma Rousseff.
"Não há mais espaço para feitiçarias: imprimir dinheiro, maquiar contas e controlar preços. Se não o fizermos agora, a máquina pública quebrará", afirmou em discurso durante almoço de fim de ano das Forças Armadas.
Diferentemente do que era esperado, o pacote não incluiu a medida que autorizaria saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para quitar dívidas, o que foi criticado por assessores do presidente Temer.
A avaliação é que isso frustrou uma parte da população que já contava com o dinheiro extra para aliviar o caixa e era a proposta mais simpática e de efeito imediato para os trabalhadores brasileiros neste fim de ano.
Pressões da indústria da construção civil, porém, fizeram o presidente postergá-la para o próximo ano.
Segundo assessores, o governo deixou passar a impressão de que a medida não só estava em estudo como já estava definida, faltando fixar apenas o valor do saque para o pagamento de dívidas de trabalhadores.
Aí, destacam auxiliares presidenciais, ficou o sentimento de frustração, porque a medida de maior apelo popular ficou fora do pacote.
Dentro do Palácio do Planalto, o discurso é o de que a medida ainda está em estudo para calibrá-la num modelo que não gere dificuldades no financiamento de programas bancados com recursos do FGTS.
Assessores têm a avaliação, porém, de que a proposta pode ficar definitivamente arquivada porque o setor da construção civil afirma que ela pode retirar muitos recursos do patrimônio do FGTS, limitando a concessão de empréstimos a programas bancados pelo fundo.
FORMATOS
Em um dos formatos estudados, o governo iria autorizar um saque de até R$ 1.000 por cotista do fundo, o que, nas projeções da Caixa, poderia injetar na economia R$ 30 bilhões.
Diante das resistências, chegou-se a avaliar que apenas trabalhadores com contas com saldo de até R$ 5.000 poderiam ser beneficiados, com saque de no máximo 20% do saldo do fundo.
O presidente Temer, na última hora, preferiu retirar a proposta do pacote para que ela seja mais bem avaliada, principalmente no seu impacto nos programas do fundo. Entidades de construção civil alegaram que a medida poderia reduzir as verbas para programas, afetando a geração de emprego no setor.
O FGTS conta com R$ 498 bilhões em ativos e possui um patrimônio líquido de R$ 100 bilhões.
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