Crítica
Livro sobre empreendedoras relata histórias irregulares
Na capa, a foto da norte-americana Amelia Earhart, primeira mulher a voar sozinha sobre o oceano Atlântico, já sinaliza o tema principal do livro "Empreendedoras de alta performance": como as executivas ouvidas na obra conseguiram se destacar em seus segmentos de atuação profissional.
As coordenadoras do livro –são três– se propõem a destrinchar como se tornar uma empreendedora de alta performance por meio de dicas e estratégias adotadas pelas mulheres que deram depoimentos à obra. São mais de 40 executivas citadas no livro, que tem prefácio de Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza.
Luiza é praticamente a única a levantar um ponto controverso entre as executivas: a adoção de cotas temporárias para ampliar a presença feminina em conselhos de administração de empresas.
O leitor encontra histórias irregulares nos relatos das executivas. Há algumas dicas boas, como a de Andréa Weichert, sócia da consultoria Ernst & Young. Em reuniões em que a maioria dos participantes era do sexo masculino, ela procurava retardar ao máximo sua fala, para ter atenção total quando fizesse seus apontamentos.
Existem também depoimentos mais pesados, como o da promotora Maria Gabriela Prado Manssur, que se destacou por sua luta contra a violência doméstica. Talvez na parte mais densa do livro, ela conta a história de uma senhora que sofria de maus-tratos do filho.
Depois de três anos preso e quando Maria Gabriela já atuava em outra cidade da Grande São Paulo, o jovem foi solto e matou a mãe, o que levou a promotora a adotar novas estratégias para que os agressores sejam não apenas punidos mas também passem por ressocialização.
VIDA PESSOAL
Não são poucas as empreendedoras ouvidas que destacam a necessidade de escolher bem um parceiro ou parceira de jornada. O alerta faz sentido, considerando que essa escolha pode facilitar ou dificultar a rotina de alguém que, com toda probabilidade, não conseguirá conciliar plenamente vida familiar e profissional.
Filhos também ganham atenção especial. A dica, nesse caso, é não carregar culpa excessiva, criar rotinas e procurar estar presente nos principais eventos –sabendo que participar de todos dificilmente será factível.
O livro, porém, peca ao não padronizar os relatos. Enquanto há histórias em que os desafios são explicitados e as derrotas, encaradas como trampolim para empreender, algumas personagens parecem estar deslocadas. Em vez de narrar uma trajetória, limitam-se a enumerar dicas de sucesso retiradas de outros livros, sem incluí-las no contexto de como isso as ajudou a se tornar empreendedoras de alta performance.
Outro porém é que, para um livro que busca incentivar mulheres a serem as melhores versões delas mesmas, existem em alguns relatos um discurso velado de que uma empreendedora só consegue efetivamente ser de alta performance se equilibrar vida social, familiar e profissional. No que parece ser ainda resquício de um discurso masculino –afinal, quem determinou essa métrica como fórmula para medir o sucesso feminino?
Uma ressalva para quem busca inspiração para empreender por conta própria é que muitas dessas executivas herdaram empresas já estruturadas e precisaram tocar os negócios ou inovar para evitar que o legado familiar se perdesse na história.
Mas dá para garimpar histórias de quem começou do zero e precisou conciliar trabalho e estudo antes de as coisas darem certo. No geral, elas estão entremeadas por relatos pontuados de autoajuda que, na prática, não significam muita coisa ("assuma o controle da sua vida" e "seja autora da sua história" são alguns dos termos encontrados).
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