Bolsa passa por ajuste após forte ganho e cai 0,68%; dólar tem leve alta
Joel Silva / Folhapress | ||
Queda da Bolsa de Nova York e preços fracos do petróleo contribuíram para a baixa do Ibovespa |
O pregão desta quinta-feira (16) foi de ajustes no mercado financeiro doméstico, após a forte alta da Bolsa e a queda acentuada do dólar na véspera.
Sem novos fatores que continuassem impulsionando os negócios, o Ibovespa encerrou em baixa de 0,68%, aos 65.782,85 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,6 bilhões.
Segundo operadores, investidores aproveitaram para embolsar os lucros e vender ações, depois que o índice subiu 2,37% nesta quarta-feira (15). A queda da Bolsa de Nova York e dos preços do petróleo no mercado internacional também pressionaram o Ibovespa.
A alta expressiva da sessão anterior foi causada pelo fato de o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) ter elevado os juros em 0,25 ponto percentual, conforme amplamente esperado pelo mercado.
Outro motivo é que o BC americano manteve a projeção de mais dois aumentos das taxas em 2017.
A alteração, pela agência de classificação de risco Moody's, da perspectiva do Brasil de negativa para estável não teve impacto no mercado.
"Embora corrobore a direção do novo governo, mantém a nota em Ba2, dois degraus abaixo do grau de investimento [selo de bom pagador]. Ainda há muito a fazer", escreve a equipe de análise da Guide Investimentos.
Os analistas destacam ainda que o leilão de concessão de quatro aeroportos realizado nesta quinta-feira, com ágio de 23% e valor total de R$ 3,7 bilhões, foi positivo. "Mesmo com poucos concorrentes, o valor arrecadado ficou pouco acima do esperado pelo governo federal, que seria de R$ 3 bilhões."
Na reta final do pregão, o governo divulgou que foram criados em fevereiro 35,6 mil postos de trabalho com carteira assinada no Brasil. Foi a primeira vez que contratações superaram as demissões desde março de 2015.
Por outro lado, a notícia de que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o ICMS não pode ser incluído na base de cálculo do PIS/Cofins trouxe um viés negativo para os negócios. "Isso pode representar uma queda de arrecadação de aproximadamente R$ 20 bilhões/ano para o governo, uma notícia não tão animadora em termos de ajuste fiscal", comentam analistas da corretora H.Commcor.
Desta forma, cresceram os temores de que o governo federal eleve impostos para compensar a queda de arrecadação e cumprir a meta fiscal.
Em Frankfurt (Alemanha), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reiterou nesta quinta-feira que os impostos serão elevados se necessário, "mas não há nenhuma decisão [ainda]"
As ações da Petrobras perderam 3,45% (PN) e 2,50% (ON). Os papéis da Vale caíram 2,65% (PNA) e e 2,37% (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN cedeu 1,28%; Bradesco PN, -0,45%; Santander unit, -1,70%; e Banco do Brasil ON, -1,34%.
CÂMBIO E JUROS
O dólar comercial fechou em leve alta de 0,12%, a R$ 3,1160. Segundo analistas, foi uma "recuperação técnica", após a moeda americana perder quase 2% na sessão anterior por causa da perspectiva de altas graduais dos juros nos Estados Unidos.
Nesta quinta-feira, o Banco Central iniciou a rolagem de contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem em abril. Foram leiloados todos os 10 mil contratos ofertados (US$ 500 milhões). Nesta sexta-feira (16), haverá rolagem de mais 10 mil contratos.
Segundo analistas, se continuar neste ritmo de oferta diária de 10 mil contratos até o fim deste mês, o BC terá ofertado 56,6% do vencimento de US$ 9,7 bilhões de abril. Ou seja, retirará US$ 4,2 bilhões do mercado.
Os juros futuros negociados na BM&FBovespa, que caíram fortemente nesta quarta-feira, também passaram por ajustes e subiram. Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.
No entanto, refletindo a menor percepção de risco, o CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote, caía 1,01%, aos 216,732 pontos, após recuar 6,40% na véspera.
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