JBS adia oferta de ações nos EUA para o segundo semestre
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Wesley Batista, presidente global da JBS, deixa a sede da Polícia Federal em SP |
A JBS adiou os planos para sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, prevista inicialmente para ocorrer até junho deste ano.
Segundo Wesley Batista, presidente da companhia, o lançamento das ações pode ocorrer no segundo semestre, mas apenas se a companhia concluir que a avaliação da empresa pelos investidores não está comprometida diante das operações da Polícia Federal.
A operação Bullish, deflagrada pela PF na sexta-feira (12), investiga suspeitas de irregularidades na liberação de recursos pelo BNDES à JBS. Neste ano, a companhia de alimentos já havia sido alvo da Carne Fraca, que apura um esquema de fraudes em fiscalizações de frigoríficos no país.
O plano da empresa é ofertar ações na Bolsa de Nova York da JBS Foods International, subsidiária que concentrará a operação internacional da companhia.
Apesar da operação agora estar em suspenso, a JBS sustenta que que não há impedimento legal para que ela seja realizada. A decisão judicial que autorizou a Bullish determina que os controladores da JBS não podem realizar qualquer mudança estrutural e societária na empresa.
"No nosso entendimento, [a decisão] não cria problema para seguir adiante", afirmou Batista durante teleconferência com analistas nesta terça (16) sobre o resultado da companhia no primeiro trimestre.
De acordo com Batista, a interpretação da área jurídica da JBS é que a decisão judicial que autorizou a Operação Bullish na semana passada mira uma reestruturação de forma substancial, que poderia alterar a estrutura da empresa e composição do controle acionário, mas não a listagem de subsidiária, aquisições ou desinvestimentos. "A interpretação é de não muda nossa rotina", disse Batista.
CARNE FRACA
Além da operação Bullish, a empresa também foi atingida pela Operação Carne Fraca, em março, que afetou o resultado dos primeiros três meses da unidade de negócios JBS Mercosul e deve ainda se refletir no desempenho do segundo trimestre.
Na Carne Fraca, as investigações miravam suspeitas de pagamento de propina a fiscais sanitários, resultando em embargos à carne brasileira por vários países e redução no ritmo de produção de frigoríficos do país –JBS entre eles.
De acordo com Batista, a Carne Fraca teve um impacto relevante não apenas do ponto de vista de volumes processados, mas também de custos (custo maior de abate, comunicação e publicidade) e preços, o que afetou a margem do primeiro trimestre. A margem Ebitda da JBS Mercosul caiu para 1% no primeiro trimestre, ante 10,9% um ano antes, ainda afetada por variação cambial.
"Nós ainda temos impacto (da Carne Fraca) em abril que vai ser similar ao impacto que teve no primeiro trimestre", disse o executivo, acrescentando que isso deve afetar os números do segundo trimestre. Ele vê a unidade de bovinos no Brasil voltando a operar com margens mais normalizadas no segundo semestre, considerando um dígito médio um "cenário realista".
Em relação à Seara, que também pesou no resultado do primeiro trimestre, a JBS aguarda uma recuperação gradual para a unidade, conforme os preços de grãos ficam em patamares "mais normalizados". "Os animais processados agora ainda carregam o custo de grão muito maior do que o que está sendo comprado neste momento", disse Batista.
O executivo comentou que sobre as operações internacionais, a JBS segue bastante confiante de continuar apresentando números robustos nos próximos trimestres.
O desempenho nas unidades de negócios das operações internacionais da empresa ajudou a JBS a ter lucro líquido consolidado de R$ 486 milhões, após prejuízo de R$ 2,64 bilhões um ano antes, apesar da queda da receita no período e leve alta no endividamento medido pela relação dívida líquida versus Ebitda, que ficou em 4,2 vezes.
Batista ainda afirmou que a JBS está confiante na sua capacidade de geração de caixa nos próximos trimestres e focada na redução da sua alavancagem, para trazer o nível de endividamento abaixo do patamar atual.
Às 11:38, as ações da JBS caíam 6%, a R$ 10,12, na ponta negativa do Ibovespa, depois que o resultado do primeiro trimestre veio abaixo do esperado por analistas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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