JBS adia plano para entrar na Bolsa de Nova York
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Joesley Batista, dono da JBS |
A JBS adiou os planos para sua oferta pública inicial de ações nos EUA, prevista para ocorrer até junho.
Segundo o presidente da empresa, Wesley Batista, o lançamento dos papéis na Bolsa de Nova York só ocorrerá quando a JBS concluir que as operações da Polícia Federal não mais afetam o valor da empresa. Caso contrário, o movimento, diz ele, "não vale a pena".
"No segundo semestre é o momento mais próximo da gente imaginar. [Melhor] do que tentar sair a mercado com algumas questões pendentes", disse nesta terça (16) em conversa com analistas sobre os resultados da JBS.
A companhia foi alvo na semana passada da Operação Bullish, que investiga suspeitas de irregularidades na liberação de recursos pelo BNDES. Foi a segunda operação da PF a atingir a JBS no ano.
Em março, quando foi deflagrada a Carne Fraca, que mira evidências de fraudes em fiscalizações de frigoríficos, a cúpula da empresa já considerava alterar o cronograma anunciado para o lançamento das ações.
O plano era listar na Bolsa de Nova York a JBS Foods International, subsidiária que concentrará a operação internacional da companhia. Trata-se de uma das maiores apostas da empresa para embalar a expansão no exterior.
O plano foi anunciado em dezembro do ano passado após o BNDES, que é sócio da JBS, vetar uma reestruturação que levaria a sede da companhia para a Irlanda.
Apesar do adiamento, a JBS sustenta que não há impedimento legal para que a oferta nos EUA aconteça. A decisão judicial que autorizou a Bullish proíbe os controladores da JBS de realizar qualquer mudança estrutural e societária na empresa.
"No entender do nosso jurídico, a decisão é para reestruturação de forma substancial, que mexa na estrutura da companhia e na composição do controle acionário. Mas não [impede] de fazer listagem de subsidiária, aquisição ou desinvestimento", disse Batista. "A interpretação é que não muda nossa rotina."
RESULTADOS
A Carne Fraca, que lançou dúvidas sobre a qualidade da carne brasileira, afetou o resultado da JBS. As receitas somaram R$ 37,6 bilhões no primeiro trimestre, queda de 14% ante igual período de 2016.
A operação provocou embargos ao produto no exterior. Com isso, houve redução de receitas e alta nos custos da JBS. Tal efeito ainda será sentido no segundo trimestre, afirmou Batista.
A empresa teve lucro líquido de R$ 486 milhões no primeiro trimestre, após prejuízo um ano antes. Os números vieram abaixo do esperado pelos analistas, fazendo com que as ações da JBS caíssem 9% na Bolsa de São Paulo.
DEPOIMENTO
Em depoimento à PF na sexta-feira (12) publicado pelo site "O Antagonista", Wesley disse que seu irmão Joesley foi o responsável pela contratação da empresa de consultoria de Antonio Palocci.
A atuação do ex-ministro, segundo a PF, acelerou a liberação de recursos do BNDES.
Ele também disse que a JBS não desistiu da aquisição da National Beef, mas que foi impedida pelas autoridades americanas de concretizar o negócio em 2009. A JBS recebeu dinheiro do BNDES para a operação, mas deveria ter devolvido os recursos com o fracasso da aquisição.
Wesley disse que as tratativas com o banco foram feitas pelo irmão e que não sabe o destino do dinheiro. Afirmou, no entanto, que Palocci não teve participação no remanejamento dos recursos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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UMA APÓS A OUTRA
Grupo J&F, que controla a JBS, já foi alvo de quatro operações da PF
jul.2016
Operação Sépsis
> Suspeita de que a Eldorado Celulose, do grupo J&F, teria pago propina para obter recursos do fundo de investimentos do FGTS. A PF realizou buscas na sede do grupo e na casa de seu dono, Joesley Batista, em SP
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Operação Greenfield
> Eldorado Celulose é suspeita novamente de ter recebido recursos irregulares de fundos de pensão. Justiça determina que Joesley e seu irmão Wesley Batista se afastem dos cargos de chefia
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Operação "Cui Bono?"
> J&F é suspeita de ter se beneficiado de um esquema de concessão de créditos pela Caixa Econômica Federal, devido a uma troca de mensagens entre Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, então executivo da Caixa, sobre pedidos de empréstimo ao grupo
mar.2017
Operação Carne Fraca
> JBS, da J&F, é suspeita de pagar fiscais do Ministério da Agricultura em troca da liberação de certificados sem que fosse realizada fiscalização
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