Incerteza política volta a pesar nos mercados e Bolsa cai 1,5%; dólar sobe
A indefinição política provocada pelas alegações envolvendo o presidente Michel Temer e pela avaliação de que o peemedebista perdeu o apoio necessário para aprovar as reformas voltou a pesar nos mercados nesta segunda-feira (22).
A Bolsa brasileira, que havia esboçado recuperação na sexta-feira (19) com a percepção de que os áudios gravados pelo empresário Joesley Batista com Temer não eram conclusivos, voltou a cair nesta segunda.
O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro, caiu 1,54%, para 61.673 pontos.
No mercado cambial, o dólar comercial fechou em alta de 0,64%, para R$ 3,278. O dólar à vista teve avanço de 0,16%, para R$ 3,293.
Os mercados brasileiros tiveram outro dia de aumento da percepção de risco, após o presidente Michel Temer afirmar que renunciar seria uma admissão de culpa. Ele desafiou seus opositores: "Se quiserem, me derrubem".
Analistas do mercado temem que o presidente tenha perdido a base de apoio necessária para passar a reforma da Previdência, considerada crucial para equilibrar as contas públicas.
"À medida em que, com mais essa turbulência política, começa a se materializar uma perspectiva de adiamento das reformas, o mercado passa a rever as expectativas e fica claro que o país está se afastando de um equilíbrio fiscal", afirma Renan Silva, estrategista-chefe da BullMark, empresa de assessoria financeira.
Nesta segunda, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) admitiu que o cronograma da reforma deve sofrer atrasos, mas que a proposta passará mesmo se Temer não seguir no comando do país.
No entanto, isso não minimizou a percepção de risco do país. O CDS (credit default swap) do Brasil, espécie de seguro contra calote, teve alta de 0,62%, para 248,6 pontos. "O mercado já busca proteção no dólar e nos juros futuros para uma possível deterioração das condições do país. Isso afeta a Bolsa de valores, que opera com bastante volatilidade, e gera saída de recursos do Brasil", ressalta Silva.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados, com vencimento em julho próximo, recuaram de 10,544% para 10,530%. Os contratos com vencimentos mais longos subiram. O de janeiro de 2018 avançou de 9,670% para 9,730%.
Para tentar conter a valorização do dólar e dar proteção a empresas que precisam, o Banco Central aumentou sua intervenção e vendeu 40 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro).
O BC também vendeu todos os 8.000 contratos para a rolagem dos swaps que vencem em junho, que totalizam US$ 4,435 bilhões. Faltam ainda rolar US$ 2,435 bilhões desse total.
AÇÕES
Os papéis da JBS desabaram 31,34% nesta sessão e entraram em leilão várias vezes ao longo do dia, em um mecanismo que a Bolsa adota para proteger ativos de uma forte desvalorização.
A empresa teve a nota de crédito cortada pela agência de classificação de risco Moody's, que também colocou o rating da companhia no Brasil e nos Estados Unidos em revisão para novos rebaixamentos.
Além disso, um escritório de advocacia nos EUA disse que estuda processar a empresa por causa de prejuízos a investidores.
As ações da Petrobras fecharam em baixa nesta sessão. Os papéis mais negociados da empresa recuaram 1,62%, para R$ 13,40. As ações com direito a voto perderam 0,69%, para R$ 14,31.
No setor financeiro, as ações de bancos também caíram nesta segunda. As ações do Itaú perderam 1,97%, os papéis preferenciais do Bradesco se desvalorizaram 2,85% e os ordinários encerraram com queda de 1,71%.
As ações do Banco do Brasil tiveram baixa de 4,65%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil caíram 1,30%.
A valorização do dólar beneficiou os papéis de exportadoras nesta segunda-feira. As ações da Embraer subiram 7%. Os papéis da Fibria se valorizaram 6,99%, os da Suzano ganharam 6,24% e os da BRF avançaram 6,06%. Os papéis da Klabin tiveram alta de 3,13%.
As ações da Vale também encerraram o dia com avanço. Os papéis mais negociados subiram 2,76%, para R$ 26,41%. As ações com direito a voto avançaram 2,46%, para R$ 27,92.
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