Em códigos de conduta, varejistas que compram da JBS condenam corrupção
Rodrigo Fonseca - 21.mar.2017/AFP | ||
Planta da JBS-Friboi, no Paraná |
A delação premiada dos executivos do grupo J&F Invetsimentos, holding que controla a JBS, com a admissão de crimes de corrupção, pode resultar na suspensão de contratos da empresa com seus principais clientes.
Grandes redes varejistas, como supermercados e redes de fast-food, possuem em seus respectivos códigos de ética e conduta cláusulas que exigem de seus fornecedores idoneidade e compromisso com o combate à corrupção.
A Folha entrou em contato com seis grandes varejistas, três do setor de supermercados e três redes de fast-food, para a avaliar o impacto da delação dos executivos da J&F Investimentos.
Quatro empresas afirmam que estão acompanhando o desenrolar do processo envolvendo a JBS na Justiça. Contudo, ainda não cravam qualquer medida prática como a suspensão da compra de produtos da gigante da carne.
Maior produtora de proteína animal do mundo, a JBS é dona de marcas como Friboi e Seara. É uma das principais fornecedoras de carnes de boi, frango, suínos e embutidos para supermercados e redes de lanchonetes do país.
Em sua delação, o presidente da empresa Joesley Batista afirmou que a empresa pagou propina a políticos para conseguir aportes e financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), além de outras contrapartidas obtidas de forma ilícita.
O Grupo GPA, responsável pelas redes de supermercados Pão de Açúcar e Extra, informou que "está acompanhando o desenrolar dos acontecimentos" e diz que "seguirá as cláusulas definidas em contrato estabelecido com o fornecedor, respeitando as determinações legais das autoridades".
Em seu Código de Ética, a empresa afirma que todos os seus fornecedores "devem entender e cumprir integralmente a Lei Anticorrupção".
Outro gigante do setor varejista, o Carrefour é signatária 10 pactos globais da ONU, dentre os quais está o compromisso de combate à corrupção.
A empresa ainda afirma em seu Código de Ética que a relação com os fornecedores são pautadas "práticas comerciais exemplarmente éticas e legais". E cobra que seus fornecedores "sigam as mesmas diretrizes".
Em nota, o Carrefour também informou que "aguarda o desfecho do caso" para adotar qualquer medida em relação à JBS.
Também disse que "não tolera nenhuma prática ilícita e tem como princípio fundamental o combate à corrupção em todas as suas formas em linha com seu Código de Conduta do Fornecedor".
Controladora da rede de fast-food Bob's, a BFFC afirma que "exige, contratualmente, que todos [os fornecedores] mantenham o mais estrito respeito ao Código de Conduta adotado pela empresa".
"A companhia avalia as medidas cabíveis a serem tomadas no caso e informa que levará o assunto para ser discutido junto às entidades representativas do setor", informou.
A Arcos Dorados, empresa que representa o McDonald's no Brasil, informou que está acompanhando o caso, mas prefere não se posicionar sobre o assunto.
O grupo Walmart e a rede de fast-food Burger King foram, procuradas, mas não se posicionaram sobre o assunto.
OUTRO LADO
A J&F Investimentos, controladora da JBS, não comentou sobre a possibilidade de rompimento ou revisão de contratos por parte de seus clientes diante dos casos de corrupção expostos na delação.
Em nota enviada à Folha, a empresa informou que suas unidades "prosseguem operando normalmente, como sempre estiveram com a qualidade de seus produtos como prioridade máxima".
Também afirma que "todos os atos ilícitos que a companhia e seus executivos cometeram no passado foram comunicados" à Procuradoria Geral da República e que a empresa "segue em seu firme propósito de colaborar com a Justiça brasileira no combate à corrupção no país".
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