Cautela antes da votação no TSE faz Bolsa recuar 0,1% e dólar avançar 1%
Daniel Marenco-27.abr.2014/Folhapress | ||
Dilma Roussef e Michel Temer em 2014: chapa começa a ser julgada nesta terça-feira |
O cenário de cautela prevaleceu nesta segunda-feira (5) no mercado brasileiro e fez a Bolsa recuar 0,1% e o dólar encostar em R$ 3,29, com as atenções já voltadas para o início do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nesta terça-feira.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas na Bolsa, recuou 0,10%, para 62.450 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,65 bilhões, abaixo da média diária do ano, que é de R$ 8,36 bilhões.
O dólar também serviu de termômetro para as preocupações dos investidores e subiu 1%. O dólar comercial fechou em alta de 1,01%, para R$ 3,288. O dólar à vista, cujas negociações terminam antes, avançou 1,39%, para R$ 3,287.
Os investidores mantiveram a prudência e diminuíram os volumes aplicados, um dia antes da votação do TSE que pode representar a saída do presidente Michel Temer do cargo.
O tribunal decidirá se houve abuso de poder econômico da chapa que elegeu Dilma e Temer em 2014, resultado de quatro ações protocoladas pelo PSDB, derrotado na disputa. A primeira ação foi iniciada ainda outubro daquele ano.
"O quadro político chama a atenção no que está sendo chamada de SuperTerça. Houve uma indicação de que o Tribunal poderia seria favorável ao Temer e não cassar o mandato, mas isso é algo que poderia se estender por algumas semanas. Então o dia foi de maior cautela", afirma Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.
Ainda no campo político, o STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou inquérito contra Temer por suspeitas de corrupção, obstrução à Justiça e organização criminosa. O presidente foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS.
A prisão do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, agravou a cautela, diante de receios de ele que possa fazer acordo de delação premiada.
Outro fator que contribuiu para a cautela foi a análise, prevista também para esta terça-feira, da reforma trabalhista pela comissão de assuntos econômicos do Senado. A questão vai servir como um teste para o governo sobre o apoio que possui na Casa.
No exterior, o dia também foi de volumes mais fracos, e com alguma cautela diante das eleições no Reino Unido nesta quinta-feira (8) e da votação das cadeiras do Parlamento francês.
AÇÕES
Os preços do minério de ferro fecharam em baixa de 3,27% e provocaram a queda das ações da Vale. As ações mais negociadas da mineradora recuaram 1,65%, para R$ 25,03. Os papéis que dão direito a voto perderam 1,08%, para R$ 26,49.
A desvalorização dos preços do petróleo não impactou as ações da Petrobras, que subiram após a empresa confirmar que pretende se desfazer de 30 ativos até o fim do ano. Os papéis mais negociados da estatal subiram 1%, para R$ 13,18. As ações com direito a voto avançaram 1,75%, para R$ 13,98.
Os papéis da JBS fecharam o dia com desvalorização de 4,08%.
No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco recuaram 0,11%. As ações mais negociadas do Bradesco caíram 0,07% e as ordinárias avançaram 0,19%. Os papéis do Banco do Brasil recuaram 1,71%. As units —conjunto de ações— do Santander Brasil subiram 2,80%.
A maior queda desta segunda foi protagonizada pelos papéis da Estácio, que caíram 7,02%. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) adiou para 28 de junho o julgamento da fusão entre a Kroton Educacional e a Estácio, após a relatora do caso sinalizar duros remédios para aprovação do acordo, informou a agência Reuters.
CÂMBIO
O real foi a moeda que mais perdeu força em relação ao dólar, entre as 31 principais divisas mundiais.
O Banco Central não fez intervenção no mercado de câmbio. Em julho, vencem US$ 6,939 bilhões em swap cambial tradicional (equivalente à venda de dólares no mercado futuro).
O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote, subiu 0,34%, para 237,98 pontos.
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