Crítica
Economistas lançam base de debate para eleição de 2018
Alan Marques/Folhapress | ||
Palácio do Planalto, sede do Executivo federal, em Brasília |
Que comece logo o debate eleitoral de 2018, propõem os economistas que lançaram na terça-feira (20) no Rio "Retomada do Crescimento".
E, se o que você pretende é debater prioridades para o próximo presidente eleito, comece pelo último capítulo.
Nos 22 primeiros, os autores –a maioria com experiência dupla nos setores público e privado– descrevem de maneira densa (e ao mesmo tempo sucinta) problemas gigantescos das agendas macroeconômica e setorial.
Para cada uma das áreas, propõem reformas, mudanças de prioridade, racionalizações e inovações.
Lidos em sequência, porém, os capítulos produzem uma sensação cumulativa de angústia: as soluções de uns esbarram nos limites de outros, que por sua vez pressupõem condições as quais, logo em seguida, se anunciam como de longa maturação.
O artigo final é um antídoto ao desânimo (ou desespero) porque discute a viabilidade de um pacto coordenado para levar adiante soluções, quaisquer sejam.
É uma proposta para, em dez anos, racionalizar, simplificar e impor limites claros ao financiamento e ao gasto público, construindo um novo modelo de Estado que substitua o estabelecido pela Constituição de 1988.
"É uma maratona para uma geração inteira, e não uma corrida de curta distância", propõe o artigo, ao mesmo tempo em que fala de urgência: "Não podemos perder esta chance!".
VIDA QUE PASSA
Urgência também está na origem do livro, segundo um dos organizadores, o economista Fabio Giambiagi.
À frente de mais de 25 obras sobre economia brasileira nos últimos anos, ele havia lançado em 2009 "Brasil Pós-Crise" –em que, como agora, compilava propostas para o crescimento do país.
O que mudou desde então?
"O país, que ficou muito pior, e eu, que fiquei oito anos mais velho. Agora, o sentimento de urgência associado ao relógio da vida se torna maior. E o sentimento de que a vida está passando e os problemas não são resolvidos é algo dramático, sentimento que creio ser comungado pela maioria dos autores."
Os 38 economistas que assinam os artigos estão "incomodados com o nível raso do debate eleitoral em 2014", segundo Giambiagi, e querem provocar discussões qualificadas nas eleições de 2018.
Ex-assessor do Ministério do Planejamento no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, ele organizou o livro em parceria com o atual secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Mansueto Almeida.
Entre os autores estão também ex-assessores de gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad. "O debate é público e não com um partido específico", diz Giambiagi.
CARTAS NA MESA
Assinam os artigos pesquisadores de universidades como PUC-RJ, Unicamp, UFRJ, FGV (RJ e SP), UFPE, USP, Insper e UnB e de instituições internacionais. A linha mestra, porém, é liberal.
O livro é dividido em dois grandes blocos. O macroeconômico propõe reformas tributária, previdenciária, fiscal e mudanças de política comercial, no mercado de capitais e na política monetária.
A "agenda setorial" trata de educação, pobreza, saúde, segurança, transporte urbano, saneamento, infraestrutura, energia, agropecuária, Petrobras e BNDES.
Apesar da heterogeneidade de temas, formações dos autores e grau de detalhamento da análise, a organização consegue dar uma estrutura coesa ao conjunto.
O livro presta um serviço a quem se importa com os rumos que o país pode tomar nos próximos anos, mesmo que se oponha radicalmente à linha política e econômica dos autores.
As cartas estão na mesa de forma clara, transparente e concreta, sem o que não é possível nem começar a conversar, quanto mais criticar e fazer o contraponto.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 25/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,25% | 124.419 | (13h54) |
Dolar Com. | +0,31% | R$ 5,1650 | (13h56) |
Euro | 0,00% | R$ 5,5142 | (13h31) |