Venda on-line estimula empresário a encarar artesanato como negócio
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Ju Amora, 31, no seu ateliê, em São Paulo |
Apenas 17% dos artesãos no país estão formalizados, aponta pesquisa inédita do Clube de Artesanato, maior comunidade on-line do tipo no Brasil. O levantamento ouviu 3.469 pessoas.
Ainda segundo o estudo, 45% dos entrevistados não têm interesse em se registrar.
Apesar desse cenário de informalidade, as vendas pela internet estão estimulando artesãos a ver suas habilidades manuais como negócio. Para isso, é preciso ter planejamento, investir em produtos diferenciados e estar disposto a se formalizar.
No talento - Conheça o perfil de quem investe nas artes manuais como negócio
"O artesanato é uma manifestação da indústria criativa que tem sido impulsionada pelas vendas na internet. Os mais jovens já percebem isso e têm buscado empreender na área", afirma Lucas Ferreira, gestor de marketing da PH FIT, idealizadora do Clube de Artesanato.
É o caso de Ju Amora, 31, que em 2012 começou a fazer banquetas pintadas à mão.
Hoje, ela chega a vender 220 por mês, em sua loja virtual. Os preços variam entre R$ 138 e R$ 1.400.
Para ela, o diferencial foi ter encarado o projeto desde o início como um negócio.
"Pensei em um conceito para a minha marca e comecei a vender em lojas virtuais para o Brasil inteiro. Eu nem me considero uma artesã, me considero empreendedora."
Ela mantém um ateliê em Perdizes, na zona oeste de São Paulo. Para atender a demanda, já terceiriza partes da produção e da logística.
A empresária também notou que precisava de um produto novo e exclusivo para que seu cliente percebesse o valor das suas peças.
"O que acontece muito no artesanato é a reprodução de fórmulas. Muita gente ainda acha que é terapia ocupacional e por isso é tão difícil ter a valorização", diz.
Por meio da internet, o Armazém Peter Paiva, especializado em venda de matéria-prima para a fabricação de sabonetes e cosméticos artesanais, cresceu 48% em 2016 e fechou o ano com um faturamento superior a R$ 3 milhões. Atualmente, 60% das vendas são on-line.
Além do e-commerce, a empresa tem três lojas físicas, 20 pontos de distribuição e 70 funcionários. O próximo passo é aumentar a capacidade produtiva para chegar aos shoppings. Peter Paiva, fundador da companhia, também dá cursos de capacitação para artesãos.
"Além da capacidade técnica e da importância de desenvolver produtos de qualidade, falo da importância de analisar o mercado e buscar conhecimento para a gestão."
Qual a maior dificuldade enfrentada pelos artesãos? - Pergunta com múltiplas respostas (%)
VALOR DO PRODUTO
Para Haroldo Matsumoto, diretor da Prosphera Educação Corporativa, as maiores dificuldade são enxergar o potencial do negócio e calcular o valor exato do produto.
"É muito comum o artesão incluir apenas o custo da matéria-prima e não considerar o tempo gasto para fazer e vender, além de gastos que ficam escondidos, como água, luz e gás", diz.
O empreendedor precisa, ainda, ter capacidade para atender a demanda, após anunciar em uma vitrine como a internet. Isso sem perder a qualidade e a chancela do produto feito à mão.
"Muitos não conseguem ganhar em escala porque querem fazer tudo sozinhos e, portanto, não alcançam rentabilidade. É preciso saber delegar, terceirizar o que for possível e se dedicar, por exemplo, ao acabamento", afirma a consultora do Sebrae São Paulo Beatriz Nicheletto.
Novidades do setor serão apresentadas na Mega Artesanal, entre 11 e 16 de julho.
MEGA ARTESANAL 2017
ONDE São Paulo Expo
av. dos Imigrantes, km 1,5
QUANDO de 11 a 16 de julho, das 10h às 18h
(fecha às 17h no dia 16)
INGRESSO R$ 20
SITE wrsaopaulo.com.br/index.php/eventos/mega-artesanal
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