Apesar de combustível e luz, inflação fica abaixo do piso da meta pela 1ª vez
Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas | ||
Posto em São Paulo; alta nos preços de combustíveis pressionou a inflação de julho |
Sob impacto do aumento dos combustíveis e da energia elétrica, o país deixou para trás a deflação de junho e voltou a registrar inflação. O IPCA avançou 0,24% em julho, após a variação negativa de 0,23% no mês anterior.
Ainda assim, em 12 meses, a inflação ficou abaixo do piso de meta do governo pela primeira vez em dez anos. A taxa, de 2,71%, é a menor desde fevereiro de 1999.
Analistas dizem que a inflação em 12 meses chegou a seu patamar mais baixo e que a tendência é de aceleração ao longo do ano.
Inflação - Variação do IPCA, em %
A perspectiva é de alta, principalmente em agosto. Os itens que mais pressionaram o indicador continuarão subindo de preço.
Menores preços de combustíveis, energia elétrica e alimentos haviam derrubado o índice em junho, quando o país teve a primeira deflação desde 2006. No mês seguinte, os salvadores da pátria passaram à condição de vilões —com exceção para o grupo de alimentos, que continuou em queda.
O governo autorizou em 21 de julho o aumento da alíquota de PIS e Cofins sobre combustíveis. Os dez dias de vigência da medida foram suficientes para elevar o preço da gasolina em 1,06% e do etanol em 0,73%.
Agosto irá refletir a alta cobrada ao longo do mês completo, o que não ocorreu em julho. Para a LCA Consultoria, por exemplo, a inflação da gasolina deve chegar a 9% em agosto.
O aumento fez a consultoria rever a previsão do IPCA do mês, para 0,55%, com o ano encerrando em 3,70% —índice mais baixo que o centro da meta, de 4,5%, mas acima do piso, de 3%.
A energia elétrica teve impacto em julho da mudança da bandeira tarifária da cor verde (sem sobretaxa) para a amarela e foi o item de maior alta, de 6%. Sozinho, representou 0,2 ponto percentual da inflação de 0,24% do mês. Em agosto, a bandeira é vermelha patamar 1 (ou rosa), que é ainda mais cara.
Para o economista Cristiano Oliveira, do Banco Fibra, os bons resultados dos últimos três meses não devem se repetir. "A forte desaceleração de maio, junho e julho teve um caráter excepcional. O índice continuará baixo porque a base de comparação é alta, mas sem dúvida terá uma ligeira aceleração daqui para a frente."
Algo que leva os economistas a prever alta da inflação nos próximos meses é que a queda dos alimentos não deve continuar. O fim do ano é período em que há aumento. Questões climáticas impediram a alta no fim de 2016, cenário que não deve se repetir.
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