Empresas de energia demonstram interesse por Eletrobras
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Angra 3, da Eletrobras: privatização deve atrair investidor, diz Engie Brasil |
A anúncio feito pelo Ministério de Minas e Energia de que vai encaminhar a proposta de privatização da Eletrobras nesta terça-feira (22) atraiu declarações de potenciais interessados.
O presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, reiterou um interesse que já vinha manifestando nos últimos meses.
"Já comunicamos o nosso interesse em determinados ativos de Eletrobras. Já fomos muito explícitos sobre o nosso interesse em três ativos nos quais já temos parceria com a Eletrobras aqui no Brasil: São Manuel, Lageado e Enerpeixe", disse Setas.
O executivo fez declaração parecida há cerca de um mês durante uma apresentação de resultados financeiros da companhia.
Para Setas, a notícia da proposta de privatização da Eletrobras é muito positiva e pode ser interpretada como um sinal de que "a reforma do setor elétrico já começou".
"É uma sinalização de que essa agenda de transformação tem o alto patrocínio do governo no mais alto nível. Ficou clara a vontade do governo de fazer uma intervenção estruturante no setor elétrico neste momento. Esta, para nós, foi uma sinalização positiva."
A EDP Portugal serviu de exemplo nas conversas entre especialistas do setor ao comentarem, nesta terça, sobre a perspectiva da privatização.
A empresa foi criada, há cerca de 40 anos, como estatal. A privatização foi gradual, até que em 2011, o governo português escolheu a CTG (China Three Gorges) para se tornar o maior acionista da EDP (Energias de Portugal), ao comprar os últimos 21,35% que o Estado detinha na empresa de energia elétrica portuguesa por 2,693 bilhões de euros.
INVESTIDORES FINANCEIROS
O modelo de venda do controle da estatal Eletrobras pelo governo federal deve atrair principalmente investidores financeiros, afirmou nesta terça-feira o presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini, acrescentando que a empresa mantém interesse nas hidrelétricas da estatal caso esta siga com os planos já anunciados para a venda de ativos.
"É mais difícil para um operador entrar nesse tipo de modelo (com poder de veto para a União). É mais fácil um player financeiro, como foi o caso do Bradesco na época da privatização da Vale, do que atrair um parceiro estratégico", disse Sattamini a jornalistas, nos bastidores de um evento do setor.
Ele disse que a própria Engie não tem como perfil entrar como minoritária ou investir em negócios nos quais não possua total poder de gestão, o que provavelmente seria o caso na futura venda da Eletrobras.
Mas o executivo ressaltou que a companhia controlada pelo grupo francês Engie, que é líder entre os agentes privados em geração no país, segue atenta a oportunidades caso a Eletrobras siga com planos anunciados anteriormente pelo governo de vender suas hidrelétricas antigas.
Outros ativos na mira da Engie Brasil são as quatro hidrelétricas da Cemig, cuja concessão o governo quer licitar no próximo mês, devido ao vencimento dos contratos com a elétrica mineira.
A Cemig argumenta que tem direito a manter essas usinas, e tem travado uma disputa com a União pelos ativos, o que inclui ações judiciais.
Atualmente, o certame está suspenso por uma decisão liminar do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas segundo Sattamini a guerra judicial não afasta o interesse da Engie Brasil.
Ele lembrou que a Engie ganhou a disputa nos anos 1990 pela privatização da Gerasul, única subsidiária de geração da Eletrobras a ser vendida na época pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, em um negócio que também foi bastante questionado na Justiça e, mesmo assim, rendeu bons frutos para a companhia.
"Podemos disputar o leilão das usinas da Cemig", afirmou.
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