Temer libera R$ 16 bilhões para idosos e age para reanimar investidores
Depois da safra de notícias negativas que culminou com o aumento da previsão de deficit do Orçamento, o governo lançou um minipacote com objetivo de reverter o mau humor em relação ao desempenho da economia.
O presidente Michel Temer e sua equipe econômica anunciaram, em um só dia, a liberação de R$ 15,9 bilhões do PIS/Pasep, além de uma nova linha de crédito do BNDES e mais privatizações.
A medida de maior apelo popular é a facilitação ao saque do PIS/Pasep, cujos cotistas são trabalhadores que tinham carteira de trabalho assinada até 1988. O governo reduziu a idade mínima para saques, de 70 anos para 65 (homens) e 62 (mulheres), e depositará o dinheiro diretamente para quem tem conta no Banco do Brasil ou na Caixa.
Quem não tem conta nos bancos estatais poderá solicitar a transferência para seu banco, a partir de outubro.
Segundo o Ministério do Planejamento, a medida vai beneficiar quase 8 milhões de pessoas e terá impacto positivo de 0,2 ponto percentual no PIB até o fim de 2018.
Marcos Ferrari, secretário de Assuntos Econômicos do Planejamento, afirma que o efeito esperado é semelhante ao dos saques do FGTS.
"O primeiro efeito positivo será sobre o consumo. O segundo, via redução do endividamento das famílias."
Embora não receba depósitos desde 1988, o fundo do PIS/Pasep vem aumentando devido à falta de informação e à dificuldade de acesso.
Atualmente, o volume disponível é de R$ 37 bilhões, recursos hoje à disposição do BNDES para empréstimos.
Na avaliação do Planejamento, os saques não afetarão as operações do banco, que tem outros recursos disponíveis para emprestar.
O pacote é o ponto central de um esforço do governo para girar a economia e sustentar a recuperação de empregos em um momento de transição até a retomada do crescimento no médio prazo.
Na avaliação de auxiliares de Temer, a confiança de investidores e consumidores foi duramente abalada pelas acusações feitas pelos donos da JBS contra o presidente.
O objetivo do governo é tomar medidas que não agravem o quadro fiscal para criar um ambiente positivo em relação à economia.
"Algumas pessoas me perguntam: quando é o 'feel good' [sentir-se bem, em inglês]? [Quando] as pessoas começarem a ter uma percepção de que a economia está melhorando, começam a perder o medo de perder o emprego", afirmou o ministro Henrique Meirelles (Fazenda).
(MAELI PRADO, MARINA DIAS, MARIANA CARNEIRO, JULIO WIZIACK)
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