Consumidor brasileiro é alvo de tentativa de fraude a cada 17 segundos
Cris Faga/Fox Press Photo/Folhapress | ||
Rua 25 de Março, em São Paulo; consumidor deve ter cuidado com cartão de crédito e saldo bancário |
A recuperação da economia brasileira está tendo como efeito colateral indireto o aumento dos casos de golpes contra consumidores.
Indicador do birô de crédito Serasa Experian computou 950.632 tentativas de fraude contra pessoas físicas no primeiro semestre, ou uma a cada 16,5 segundos.
É um crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 884.105 tentativas, ou uma a cada 18 segundos.
Carolina Aragão, gerente do SerasaConsumidor, afirma que o aumento acompanha a maior demanda de crédito do consumidor.
"Esses golpes aumentam conforme crescem as transações em lojas e o consumo em si, porque é quando o consumidor usa seus dados. É aí que o criminoso encontra brecha para se apropriar de informações e cometer a fraude", afirmou.
No primeiro semestre, a demanda do consumidor por crédito cresceu 2,1% em relação ao mesmo intervalo de 2016 -em julho, a alta foi de 11,4% ante igual mês do ano passado. A expectativa é que continue aumentando, acompanhando a consolidação da retomada econômica, e os fraudadores devem tentar se aproveitar desse movimento, avalia Aragão.
Golpes em alta - Tentativas de fraudes crescem 7,5% no 1º semestre
NOME SUJO
A enfermeira Josiane Roberta de Menezes, 32, não deu a sorte de ficar só na estatística das tentativas. No caso dela, o golpe se materializou.
Em maio deste ano, Josiane tentou fazer o cartão de crédito de uma loja esportiva, mas não conseguiu. "Achei que era política da empresa, porque continuava recebendo outras propostas de cartões do meu banco."
Um dia, por curiosidade, a enfermeira decidiu saber qual era sua pontuação de crédito, ao ver um anúncio de serviço oferecido pela Serasa. Achou baixa. Ao investigar o motivo, descobriu uma dívida de R$ 276 em aberto com uma empresa de telefonia -que tinha incluído seu nome no cadastro de inadimplentes em setembro de 2016 pela falta de pagamento.
Depois de algumas ligações para tentar resolver o problema, Josiane ficou sabendo que a conta não paga era referente a uma linha telefônica no Ceará -apesar de ela nunca ter ido ao Estado ou conhecer alguém lá.
"Eles não explicam como isso aconteceu. E eu queria dar entrada em um carro, mas o fato de meu nome ter sido negativado fez com que as taxas do financiamento subissem. Ficou bem mais caro", afirmou a enfermeira.
SETORES
A telefonia é justamente o segmento líder de tentativas de fraudes, mostra o indicador da Serasa. Foram 366.188 no primeiro semestre, o que representa 38,5% do total.
"Historicamente, observamos que a telefonia é a grande porta de entrada do fraudador, porque gera um comprovante de residência. A partir daí, ele junta com outros dados e comete fraudes maiores, como abrir uma conta bancária ou conseguir um empréstimo", diz Carolina Aragão, do SerasaConsumidor.
Serviços aparecem em segundo lugar, com 30,1%. Bancos e financeiras respondem por 23,8% das tentativas, mas foi nesse segmento que houve o maior salto na comparação semestral: 31,2%.
Segundo a Serasa, as principais tentativas de fraude são compra de celulares com documentos falsos, emissões de cartões de crédito, financiamento de eletrônicos e abertura de contas-correntes.
Mas há casos também em que os dados são usados para comprar bens maiores, como carros, ou até mesmo para abrir empresas.
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COMO EVITAR SER VÍTIMA DE GOLPISTAS
Para evitar ser vítima de fraudadores, o consumidor não deve fornecer seus dados a estranhos. Outra dica é, em lojas, não deixar que os atendentes levem o cartão para longe. Também não insira sua senha se houver desconhecidos por perto.
O consumidor precisa acompanhar o extrato bancário e acionar o banco se desconfiar de transação. Se perder um documento, a recomendação é fazer boletim de ocorrência.
Em compras virtuais, atenção ao site: uma forma fácil de evitar golpes é checar se, na barra do navegador, o endereço começa com https.
Vale também atualizar sempre o antivírus no computador e não fazer operações que exijam senha em computadores públicos.
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