Bolsa sobe após duas quedas, mas política segue no radar; dólar cai
Diego Padgurschi/Folhapress | ||
Bolsa brasileira voltou a subir, após duas sessões seguidas de desvalorização |
A Bolsa brasileira voltou a fechar em terreno positivo nesta quarta (18), após duas sessões seguidas no vermelho, com ajuda de ações de varejistas e apesar da pressão negativa da Vale. O dólar terminou o dia com leve queda, cotado a R$ 3,16, na contramão da valorização da moeda americana no exterior.
O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas, teve alta de 0,51%, para 76.591 pontos.
O dólar comercial fechou em baixa de 0,12%, para R$ 3,165. O dólar à vista recuou 0,09%, para R$ 3,172.
O dia foi de recuperação no mercado acionário local, após duas baixas. O vencimento de opções sobre índice acabou deixando o mercado mais volátil, mas durante a tarde a Bolsa firmou a tendência de alta, afirma Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S.
Os investidores voltaram novamente a analisar o cenário político, com a retomada das discussões em torno da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco são acusados de integrarem uma organização criminosa que teria recebido ao menos R$ 587 milhões de propina. O presidente também é acusado de obstruir a Justiça. Todos negam as acusações.
As eleições de 2018 também preocupam o mercado, diz Wolwacz. "Não existe um nome muito sólido, tirando Lula [PT], que o mercado não vê com bons olhos. Todos esses aspectos colocam o mercado em modo de espera", diz.
AÇÕES
Das 59 ações negociadas no Ibovespa, 45 subiram, 12 caíram e duas fecharam estáveis. O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 9,4 bilhões, em dia de vencimento de índice, o que aumenta o giro.
A alta das ações de varejistas foi destaque dessa sessão. Os papéis da Lojas Renner lideraram as altas, com avanço de 4,31%. As ações do Pão de Açúcar subiram 3,97%, enquanto a Lojas Americanas avançou 2,22%. Fora do Ibovespa, as ações da B2W avançaram 8,73%, e as da Magazine Luiza dispararam 10,85%.
"O setor veio forte hoje, em linha com as expectativas de que o segmento costuma ganhar um pouco mais de força no segundo semestre", disse Wolwacz.
Nesta quarta, a Amazon abriu seu site para venda de eletrônicos de outros vendedores, em movimento cujo impacto sobre as varejistas ainda vai ser medido mais detidamente pelos analistas.
Em relatório, o banco Brasil Plural afirmou que, segundo suas impressões, "vai levar tempo para a Amazon construir uma operação volumosa no Brasil". "A gigante americana está se expandindo para o Brasil exclusivamente por vendedores no modelo marketplace, usando serviços desempenhados por terceiros, o que reduz significativamente seu poder de causar disrupção no mercado local", disse o relatório.
As ações mais negociadas da Petrobras fecharam em alta de 0,19%, para R$ 16,16, acompanhando o avanço dos preços do petróleo. Os papéis ordinários fecharam estáveis em R$ 16,61. Os preços do petróleo subiram após uma queda surpreendente nas taxas de refino dos Estados Unidos e uma alta inesperada nos estoques de gasolina, que sinalizaram uma menor demanda no maior consumidor de petróleo do mundo.
A mineradora Vale viu seus papéis caírem nesta sessão. Os papéis ordinários recuaram 0,95%, para R$ 32,27, e os preferenciais tiveram baixa de 0,63%, para R$ 29,78.
Os papéis da JBS recuaram 1,45%, após notícias de que a empresa paralisou, por tempo indeterminado, as atividades de compra e abate de carne bovina em suas sete unidades instaladas em Mato Grosso do Sul.
A maioria das ações do setor financeiro fechou em baixa. As ações preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 0,44%, e as ordinárias recuaram 0,38%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil terminaram estáveis. O Banco do Brasil teve baixa de 0,35%. Na contramão, o Itaú Unibanco subiu 0,18%.
DÓLAR
No mercado cambial, o dólar ganhou força ante 16 das 31 principais moedas do mundo.
"Lá fora, o dólar se valorizou pela expectativa da escolha do novo presidente do banco central dos Estados Unidos [o Fed], e também pela liberação de documento com indicações sobre a situação econômica americana", explicou Wolwacz.
Segundo o livro Bege, do Fed, a economia americana cresceu a um ritmo de modesto a moderado em setembro até o início de outubro, apesar do impacto de furacões em algumas regiões. O documento viu ainda poucos sinais de aceleração na inflação nos EUA.
O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) recuou 1,36%, para 175,1 pontos. Foi o sexto dia de queda do indicador.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados com vencimento mais curto tiveram queda. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,368% para 7,343%. A taxa para janeiro de 2019 ficou estável em 7,260%.
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