IGOR GIELOW
DE SÃO PAULO

Um dos focos no desenho da oferta da Boeing é a área de engenharia da Embraer.

A empresa americana tem uma geração de engenheiros que deve se aposentar em cinco anos. Já a Embraer é conhecida por um corpo técnico mais jovem. Um dos projetos mais citados em conversas sobre o negócio é o substituto do Boeing-767, pioneiro nas viagens intercontinentais com só dois motores.

A área de vendas também é central. A Boeing opera a partir de 20 países, enquanto a Embraer está em quatro.

O mercado regional chinês, amplamente desatendido, será alvo de competição dura —a começar pela fabricante local Comac, que associou-se aos russos da Sukhoi.

Na área militar, a Boeing pode ampliar a parceria com a Embraer na promoção do KC-390. O cargueiro tático é um exemplo da ligação Força Aérea-Embraer. Sem a injeção de R$ 5 bilhões para desenvolvimento e a compra de 28 unidades iniciais pelo governo, não haveria o modelo.

O alvo é o mercado dominado pelo C-130 Hércules, projeto dos anos 1950. De quebra, é um produto de uma rival da Boeing, a Lockheed Martin. Estima-se que até 2025 haja demanda por 730 novos aviões. Algum tipo de acerto Boeing-Embraer, segundo avaliação de especialistas, é quase inevitável.

Por não ter para onde crescer além do mercado regional que lidera com 46% do nicho, a Embraer corre o risco de ser encurralada entre grandes polos globais de produção, como o Airbus-Bombardier.

Por isso a mensagem de fim de ano de seu executivo-chefe enfatizou a "preservação de empregos" como base das conversas com os americanos.

Crédito: EMBRAER x BOEING Os principais aviões de cada fabricante
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.