SILAS MARTÍ
DE NOVA YORK

Na opinião de especialistas, o caso da Petrobras abre um precedente histórico nos Estados Unidos pelo volume de dinheiro devolvido aos investidores donos das ações.

"Esse é um dos maiores casos de uma empresa estrangeira que sobreviveu na Justiça americana", diz o professor de direito Peter Henning, estudioso de acordos do gênero. "Fecharam um acordo porque não quiseram ir a julgamento, o que seria um risco. Nesse caso, valeu a ideia de que um pássaro na mão é melhor do que dois voando."

Henning lembra ainda que o fato de a Petrobras ter fechado um acordo com investidores não blinda a empresa de sofrer possíveis processos do governo americano. Ele lembra que há quatro anos a agência que regula o mercado financeiro chegou a pedir documentos à petroleira, sinalizando que uma investigação pode ocorrer no futuro.

Advogados do escritório que representava os investidores na ação contra a Petrobras nos Estados Unidos também consideraram "histórica" a "vitória significativa" contra a empresa, que vai pagar US$ 2,95 bilhões para se livrar do processo iniciado há três anos em Nova York.

"O acordo é o maior envolvendo uma ação coletiva na última década", afirma um comunicado da Pommerantz, a firma nova-iorquina que representou o grupo de investimentos liderados pela Universities Superannuation Scheme contra a petroleira.

Em toda a história americana, o acordo é o quinto maior do gênero –e o maior de todos eles envolvendo uma empresa estrangeira que tem papéis negociados nos EUA.

Entre maio de 2010 e novembro de 2014, o período em que investidores americanos apontaram perdas com fraudes na empresa, a Petrobras vendeu US$ 98 bilhões em ações na Bolsa de Nova York.

Nessa mesma época, o preço dos papéis da Petrobras despencou de US$ 19,38 para US$ 10,50, uma queda de 46%. Enquanto isso, o valor de mercado da empresa encolheu para pouco mais de um décimo do que era, de US$ 310 bilhões em 2009 para US$ 39 bilhões em 2015.

O comunicado do escritório Pommerantz lembra, no entanto, que ainda há pendências contra a PricewaterhouseCoopers, firma que fez a auditoria da Petrobras.

No processo, os advogados argumentaram que a PwC escondeu gastos de até US$ 30 bilhões em compras de ativos da contabilidade da Petrobras e que recebeu ainda US$ 7,7 milhões em 2012 e US$ 8,6 milhões em 2013 pelos serviços prestados então à petroleira. Procurada, a firma de auditoria não se manifestou até a conclusão desta edição.

Segundo o Pommerantz, a vitória dos investidores abre precedente na Justiça americana, já que foi reconhecido em segunda instância o pedido de ressarcimento de empresários que se viram lesados tanto na compra de estoque quanto na dos papéis da dívida do grupo.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.