Citigroup revela desigualdade salarial por gênero e raça em seu quadro

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Crédito: Keith Bedford/Reuters Fachada do Citi em Nova York em foto de 2012: banco planeja deixar segmento de varejo no Brasil
Citigroup anunciou que vai revelar disparidades salariais de gênero e raça em seu quadro

DA BLOOMBERG

O Citigroup anunciou que medirá, divulgará e tomará medidas para reduzir as disparidades de remuneração entre homens e mulheres em três países, assim como as diferenças salariais de minorias empregadas nos Estados Unidos.

A decisão acontece na esteira de uma proposta apresentada pela Arjuna Capital, de Boston, acionista do banco, e é a primeira do tipo entre os grandes bancos dos Estados Unidos.

Além dos EUA, o Citigroup estudou a situação de remuneração no Reino Unido —onde reportar a esse respeito agora é obrigatório— e na Alemanha.

O Citigroup vai aumentar os salários das mulheres e minorias, nos Estados Unidos, e de outras categorias para as quais aumentos sejam necessários como forma de reduzir a disparidade, anunciou o banco em comunicado.

O Citigroup também prometeu que conduzirá análises semelhantes em outros países nos quais outros de seus 200 mil empregados trabalham.

O foco no salário "apoia nossos esforços para atrair e reter os melhores talentos e recompensar o desempenho", afirmou o Citigroup. Cerca de metade dos trabalhadores do banco são mulheres, mas a proporção das mulheres cai a um quarto nos principais postos executivos. Nos Estados Unidos, 11% dos empregados do banco são negros, proporção que cai a 1,6% entre os principais executivos.

O Citigroup anunciou ter analisado a remuneração total de seus trabalhadores nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, considerando fatores como posição na hierarquia, função e geografia. Constatou que as mulheres recebiam em média o equivalente a 99% do salário dos homens e que as minorias recebiam o equivalente a 99% do salário das não minorias.

O Reino Unido agora requer que todas as empresas, mesmo as estrangeiras, como o Citigroup, reportem publicamente dados sobre as diferenças salariais entre os gêneros, a partir de abril. Os números se baseiam em médias para a força de trabalho total, e os resultados apresentados até agora por instituições financeiras tendem a mostrar disparidade muito maior que a diferença média nacional de 18% entre as remunerações de homens e mulheres.

Brian Levine, sócio da Mercer Consulting, que analisa salários, diz que esses números encolhem para entre 1% e 3%, na maioria das empresas, quando funções de trabalho, senioridade e outros fatores são considerados, em larga medida porque a maior concentração de mulheres empregadas está em postos de salário mais baixo. Ele acrescentou que algumas companhias estão conduzindo esse tipo de análise proativamente em todo o mundo, antes do prazo final para revelar seus dados no Reino Unido.

Natasha Lamb, sócia diretora da Arjuna Capital, disse que retiraria sua proposta como resultado das ações do Citigroup, e que esperava que outros bancos seguissem seu exemplo. "O Citigroup está assumindo a liderança quanto à disparidade de pagamento entre os sexos, algo que não vimos em nenhuma outra instituição financeira dos Estados Unidos", ela afirmou.

A Arjuna Capital pressionou com sucesso sete empresas de tecnologia para que revelassem a disparidade de pagamento entre homens e mulheres, em 2016. No ano passado, promoveu esforços semelhantes junto aos bancos norte-americanos, entre os quais o Citigroup, mas teve seus pedidos rejeitados pelas instituições financeiras.

A Arjuna Capital vai pressionar outras oito instituições financeiras norte-americanas na temporada de assembleias ordinárias de acionistas de 2018: JPMorgan Chase, Wells Fargo, Bank of America, Bank of New York Mellon, American Express, Mastercard, Reinsurance Group of America e Progressive.

As propostas que a empresa apresentará nas assembleias pedem que as companhias divulguem suas normas salariais e seus objetivos quanto à redução na diferença de pagamento entre os dois gêneros.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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