Grupos contra reforma da Previdência querem manter privilégios, diz Maia

Crédito: Mateus Bonomi - 15.dez.17/Folhapress BRASILIA, DF, BRASIL, 15-12-2017, 18:30h: Rodrigo Maia, Presidente da Câmara, nesta sexta-feira, 15 de Dezembro, da entrevista especial para Folha em sua residência oficial. (Foto: Mateus Bonomi/Folhapress, PODER) ***ESPECIAL*** ***EXCLUSIVO***
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM)

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE WASHINGTON

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez fortes críticas nesta terça (16) a membros do poder público, em especial do judiciário, por criticarem a reforma da Previdência a fim de "defenderem seus benefícios".

Para Maia, eles agem de forma "desconectada da realidade" e propagam mentiras por quererem manter aposentadorias de R$ 20 mil, entre outros benefícios.

"Estamos enfrentando uma corporação também", afirmou o deputado, durante viagem oficial a Washington.

Maia fez especial menção a uma entrevista recente de Roberto Veloso, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), ao "Jornal do Piauí", em que o juiz criticava a reforma e a chamava de "reforma da não aposentadoria".

Veloso citou o exemplo de um motorista de ônibus que, aos 65 anos e mesmo tendo contribuído com a previdência por 15 anos, teria uma redução de 60% em seu benefício, segundo ele.

"Foi algo completamente desconectado da realidade", disse. "É uma coisa grave, muito triste."

Para Maia, Veloso estava defendendo o seu próprio interesse. "Ele usa um exemplo do motorista de ônibus, do trabalhador, para defender a manutenção dos seus benefícios, dos seus auxílios, da aposentadoria de R$ 20 mil."

À Folha, Veloso afirmou que suas declarações foram baseadas no texto da proposta em discussão no Congresso, e destacou que a magistratura não tem privilégios desde a última reforma da previdência, em 2003. Atualmente, qualquer pessoa que comece a carreira de juiz irá receber como aposentadoria sua média salarial, limitada ao teto do INSS.

"Não há mais privilégios; o que nós estamos fazendo é defender o direito à aposentadoria de todo trabalhador", declarou.

EXPECTATIVA

O presidente da Câmara voltou a afirmar que a aprovação da reforma "não é uma votação simples" e que não tem "nenhum tipo de otimismo".

Ele ressaltou que a base do governo na Câmara diminuiu desde a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), e que é preciso reorganizá-la e trabalhar na comunicação sobre a reforma.

Para ele, se o governo não conseguir votar a reforma em fevereiro, "não conseguirá votar mais", em função de outras agendas que também precisam avançar.

Apesar disso, Maia negou que seja pessimista em relação à aprovação da reforma, mas sim "realista".

"Já tem muito político mentiroso no Brasil, né? Acho que chega. Está na hora de a gente falar a verdade, e a reforma da Previdência não é uma votação simples", declarou.

Maia voltou a defender a reforma e disse que vai ter um impacto positivo na vida dos brasileiros, por reorganizar o Estado e ajudar a controlar o deficit público.

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