Bolsa atinge 81 mil pontos sob embalo do bom humor externo; dólar cai

Crédito: Rahel Patrasso/Xinhua Bolsa brasileira acompanhou mercados americanos e fechou acima de 81 mil pontos pela primeira vez
Bolsa brasileira acompanhou mercados americanos e fechou acima de 81 mil pontos pela primeira vez

DE SÃO PAULO

A Bolsa brasileira passou direto pelos 80 mil pontos e atingiu nesta quarta-feira (17) novo recorde nominal, acima dos 81 mil pontos, acompanhando as máximas registradas nos Estados Unidos. O dólar também seguiu a tendência de enfraquecimento no exterior e recuou para R$ 3,21.

O Ibovespa, das ações mais negociadas, subiu 1,7%, para 81.189 pontos. Se corrigido pela inflação, o patamar ainda distante da máxima de maio de 2008: os 73.516 pontos de então seriam, hoje, equivalentes a cerca de 130 mil pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,5 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre índice.

O dólar comercial caiu 0,37%, para R$ 3,217. O dólar à vista recuou 0,31%, para R$ 3,218.

O exterior voltou a ditar o rumo do mercado acionário brasileiro, com a grande entrada de recursos internacionais impulsionando a Bolsa nesta sessão.

"O fluxo de estrangeiros está muito forte neste mês. Passou de R$ 4 bilhões. Esse investidor representa quase 50% do movimento da Bolsa e tem um peso forte no comportamento do índice", afirma Mário Roberto Mariante, analista-chefe da Planner Corretora.

Nos Estados Unidos, os principais índices bateram recordes nesta quarta, com expectativa de lucros maiores das empresas em meio a uma recuperação da economia americana.

Mariante vê também um cenário positivo para a economia brasileira neste ano, que deve se refletir em resultados melhores de empresas –algo que já deve ser percebido nos balanços do quarto trimestre, diz.

"O mercado esquece alguns pontos de preocupação, que é a questão politica. Os investidores deixaram isso de lado. O rebaixamento mal afetou o mercado. Estamos próximos do julgamento do [ex-presidente] Lula, e a Bolsa antecipa os fatos. Já está comprando que vai ter uma punição", afirma Mariante.

AÇÕES

Das 64 ações do índice Ibovespa, 51 subiram, 12 caíram e uma se manteve estável.

A Sabesp liderou as altas, com avanço de 5,34%. A Cielo subiu 4,17% e a CSN teve ganho de 4,01%.

Na ponta contrária, as ações da Copel caíram 2,22%. A Klabin se desvalorizou 2,20% e a Cemig teve baixa de 1,6%.

Os papéis da Petrobras ajudaram a impulsionar o índice nesta sessão, com alta de cerca de 4%. O avanço ocorreu após o governo criar uma comissão com objetivo de negociar com a estatal os termos da revisão de um contrato assinado em 2010 que garantiu à petroleira o direito de explorar áreas do pré-sal sem licitação.

As ações preferenciais da Petrobras subiram 4,02%, para R$ 18,36. As ações ordinárias se valorizaram 3,62%, para R$ 19,47. Os preços do petróleo se mantiveram praticamente estáveis, sustentados por uma oferta apertada e forte demanda global.

As ações ordinárias da mineradora Vale subiram 2,01%, para R$ 43,15.

No setor bancário, os papéis do Itaú Unibanco avançaram 1,65%. As ações preferenciais do Bradesco subiram 2,50% e as ordinárias, 3,06%. O Banco do Brasil teve valorização de 2,37%, e as units –conjunto de ações– do Santander Brasil ganharam 1,08%.

DÓLAR

A moeda americana perdeu força ante 22 das 31 principais divisas do mundo.

Aqui, o movimento de baixa mostrou que o dólar está em uma nova faixa de negociação, afirma Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Banco Confidence.

"No passado, o mercado já tinha descolado do noticiário interno. O volume hoje mostrou que existe força para romper o patamar de R$ 3,20 nos próximos dias. Não necessariamente nesta semana. É uma demonstração de que esse patamar pode ser rompido e de que podemos ver o dólar rompendo os R$ 3,20 nos próximos dias", afirma.

O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil fechou em alta de 0,15%, para 145,7 pontos, no segundo dia de alta.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O contrato para abril de 2018 caiu de 6,757% para 6,752%. O contrato para janeiro de 2019 subiu de 6,900% para 6,915%.

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