Segurança alimentar da população, recuperação de cultivos tradicionais, gastronomia e sustentabilidade serão temas de seminários do Fru.to - diálogos do Alimento, nos dias 26 e 27 de janeiro em São Paulo.

Organizado pelo chef Alex Atala e pelo produtor cultural Felipe Ribenboim, o Fru.to terá 30 convidados e será dividido em três eixos: cultural, biológico e social. O objetivo é debater estratégias e alternativas para garantir alimento de qualidade à população estimada de 8,6 bilhões em 2030.

Entre os participantes, o idealizador do Slow Food Carlo Petrini, a ativista Celine Cousteau, a apresentadora Bela Gil, a neurocientista e colunista da Folha Suzana Herculano, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, o ativista americano de hortas urbanas Ron Finley e o suíço criador da agricultura sintrópica Ernst Götsch.

Os encontros serão no Unibes Cultural (r. Oscar Freire, 2.500, Sumaré, São Paulo) e terão transmissão ao vivo pela internet.

Atala, chef e proprietário dos restaurantes D.O.M., Dalva e Dito, Açougue Central e Bio, falou sobre o problema das embalagens na indústria de alimentos e sobre o Fru.to em entrevista à Folha. Seguem principais trechos.

Pergunta - Canudos, filme de pvc, sacolas, copos descartáveis, embalagens de isopor. A indústria de alimentos - desde o cultivo até o prato - é uma das que mais usa embalagens de derivados de petróleo. Existe alguma iniciativa das pessoas do setor de alimentos para apontar soluções alternativas?

Alex Atala - O maior problema do uso do plástico é a contaminação do meio ambiente por conta do tempo que esse material leva para se decompor. Temos visto cada vez mais especialistas falando sobre assunto que é uma epidemia mundial. Inclusive, durante o Fru.to, teremos especialistas falando sobre águas de maneira geral e como podemos conservá-las limpas: Simone Jones - gerente comercial do Seafood Watch, ONG pertencente ao aquário de Monterey Bay, que busca orientar o mercado a consumir peixes mais sustentáveis, mantendo os oceanos saudáveis, e Jon Rose, do Waves for Water, uma organização não-governamental que oferece soluções de água potável.

Que medidas deveriam ser tomadas por todos os elos da cadeia de alimentos para conter a poluição causada pelos plásticos?

Importante lembrar que o problema do plástico é uma nova questão dentro de um dos maiores para a humanidade nos próximos anos ou décadas. Buscamos uma fórmula ideal e acredito que ela deva ser moldada conforme condições, geografia e cultura de cada local.

Se você fosse abrir um negócio de comida hoje, quais seriam as opções mais sustentáveis para pratos, copos, talheres, embalagens para entrega e tratamento de resíduos?

Inaugurei ano passado um restaurante tentando usar o máximo desses conceitos, chamado Bio, que segue ao máximo o conceito de comida sustentável, aproveitando tudo dos alimentos - até as cascas e raízes. Acredito também que a criação do Fru.to em São Paulo contribua com tais questões.