Investidores pedem 'sem parar' que seja candidato, diz Meirelles em Davos

Crédito: Mateus Bonomi/Folhapress Henrique Meirelles reúne jornalistas na sede de seu partido, o PSD, em Brasília, para falar sobre uma possível pré-candidatura à Presidência
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A DAVOS (SUÍÇA)

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira (23) em Davos que investidores lhe pedem "o tempo todo e sem parar" que se candidate à Presidência.

"Isso é recorrente. É sempre", afirmou o ministro ao ser indagado pela Folha se ouviu apelos para se lançar candidato durante o almoço com empresários e investidores promovido pelo Banco Itaú em Davos, onde acontece o 48º encontro anual do Fórum Econômico Mundial. Meirelles foi um dos palestrantes do evento, junto com o prefeito de São Paulo, João Doria.

O ministro, porém, disse aos jornalistas que anunciará sua decisão sobre a candidatura apenas no início de abril. E descartou a possibilidade de se tornar vice: "De jeito nenhum".

Em Davos para falar da retomada econômica do Brasil e acompanhar o presidente Michel Temer, que chega à cidade amanhã para discursar no Fórum, Meirelles afirmou que há crescente alerta dos investidores internacionais em relação às eleições do Brasil neste ano, mas que, apesar disso, o país voltou a atrair interesse.

"É notória a diferença para o ano passado", disse o ministro a jornalistas após o almoço.

"O total do investimento no Brasil está crescendo, e isso mostra o interesse gerado pelo aumento da demanda e as perspectivas. Agora, claro, não há dúvida que se olha o período mais longo, o país vai entrar num processo importante de discussão eleitoral, é normal que muitos passem a ter cautela, aguardando o desenrolar dos acontecimentos", afirmou.

"Mas o interesse ainda e muito grande, e o investimento estrangeiro direto continua a crescer."

PREVIDÊNCIA

Segundo o ministro, o clima é de "o Brasil vai bem". A principal dúvida é em relação à data de votação da reforma da Previdência —se antes ou depois do início da campanha eleitoral.

Esse é um dos fatores que levou a agência de avaliação de risco Standard & Poor's a rebaixar a nota do Brasil neste mês, uma avaliação que, segundo Meirelles, "deve ser respeitada, mas não cobre o quadro todo".

Reportagem da Folha desta segunda-feira (22) informa que o governo já trabalha com um plano B caso não consiga apoio suficiente para aprovar a reforma da Previdência ainda em fevereiro, como gostaria. A ideia seria fazer um último esforço de aprovação, ainda na gestão Michel Temer, em novembro.

O plano A, tanto da área econômica como do Planalto, segue sendo fevereiro. Mas a alternativa B vem se cristalizando em conversas, ainda que não seja consensual.

CRESCIMENTO

Meirelles disse que o crescimento do PIB do país deverá ser de 3% em 2018, acima do que o mercado estima.

"A previsão do mercado está um pouco mais abaixo, em torno de 2,8%, mas as projeções do Focus avançam de forma mais gradual", afirmou o ministro.

"A do FMI é normal que também esteja mais baixa. É correto, é uma instituição multilateral, tem de ser mais conservadora e não dispõe dos dados que temos."

Na segunda, o Fundo reviu para cima suas projeções para o crescimento da economia mundial e elevou em 0,4 ponto percentual, para 1,9%, a estimativa de expansão do Brasil em 2018.

Meirelles repetiu termos positivos como "confortável" para descrever o aumento das exportações e o nível do CDS, que representa o risco do país.

OTIMISMO

O ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), também presente no evento, disse ter um expectativa "muito positiva" para o fórum.

"Depois de muitos anos o presidente do Brasil volta a Davos, e volta numa situação em que os indicadores macro econômicos são extremamente favoráveis, mostrando a força que o governo faz para que o Brasil volte aos trilhos."

A mensagem do país no evento, segundo ele, é positiva. "É uma boa mensagem em um momento em que Davos discute um novo tempo que está se desenhando, em que a tecnologia, a inovação, uma educação mais sofisticada são ativos importantes. Creio que é útil para nós que estamos saindo de uma crise e fazendo um esforço para entrar no século 21."

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