DANIELLE BRANT
DE SÃO PAULO

O mercado financeiro acompanhou –a sua maneira– voto a voto do julgamento que confirmou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (24). Cada manifestação dos juízes que deixava o petista ainda mais distante da disputa eleitoral foi "comemorada" com forte alta da Bolsa e queda do dólar.

O primeiro salto ocorreu antes do primeiro ato, o início do julgamento propriamente dito. A Bolsa abriu em forte alta de mais de 1%. No voto do relator João Pedro Gebran, por volta de 13h40, a Bolsa passou a subir 2,30%. O dólar caiu para R$ 3,18.

Quando o revisor Leandro Paulsen acompanhou o relator, por volta de 16h40, a Bolsa intensificou a alta para 3,63% e o dólar afundou para R$ 3,16.

O voto que limitou a capacidade de recurso do petista no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) veio do juiz federal Victor Laus. Confirmada a condenação, a Bolsa caminhou para a alta de 3,72%, aos 83.680 pontos –acima dos 83 mil pontos pela primeira vez na história.

Foi a maior valorização diária desde 3 de janeiro do ano passado. O dólar caiu 2,43%, para R$ 3,16, também na maior queda desde 19 de maio do ano passado, ainda sob o calor da notícia do vazamento da delação do empresário Joesley Batista, da JBS.

VOZ

"O mercado tem voz e hoje ele gritou, soltou foguetes. A gente efetivamente enxerga que o risco que estava sendo imputado ao Lula era o risco da irresponsabilidade e de gestão pouco profissional", afirma Adeodato Netto, estrategista da Eleven Financial.

O impacto mais forte na Bolsa foi registrado pelas estatais. As ações preferenciais da Eletrobras dispararam 9,7%, e as ordinárias subiram 7,8%. Os papéis mais negociados da Petrobras avançaram 5,7%, e os com direito a voto ganharam 8,4%. Banco do Brasil subiu 7,9%.

"A ideia de que o Lula pode não ter condições de concorrer dá fôlego às empresas que poderiam ser mais afetadas em uma mudança de gestão intervencionista",diz Ignacio Crespo, economista da Guide Investimentos.

"São justamente as empresas que melhoraram bastante nos últimos meses com a expectativa de desestatização", complementa.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o Bolsa e dólar devem responder positivamente nas próximas semanas. "As empresas podem voltar a pensar em investir sem riscos de perder o que se gastou. O crescimento tende a ser ainda maior neste e ano que vem."

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

AÇÕES

A euforia no mercado financeiro fez 60 das 64 ações do Ibovespa fecharem em alta nesta quarta. Somente quatro caíram: Fibria (-3,43%), Suzano (-0,95%), Cielo (-0,92%) e Ambev (-0,05%).

A notícia animou também ações do setor financeiro. O Itaú Unibanco subiu 4,81%. As ações preferenciais do Bradesco avançaram 5,43%, e as ordinárias tiveram alta de 6,38%. As units –conjunto de ações– do Santander Brasil ganharam 4,71%.

A mineradora Vale também se beneficiou desse cenário positivo. As ações ordinárias da empresa subiram 2,23%, para R$ 41,78.

CÂMBIO

Das 31 principais moedas do mundo, o real foi a que mais ganhou força em relação ao dólar. Mas o dia foi de enfraquecimento da divisa americana no mundo: 17 subiram ante o dólar.

Além da confirmação da condenação de Lula, pesaram no mercado declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, de que a fraqueza do dólar era positiva para a balança comercial americana.

O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil fechou em baixa de 5,17%, para 146,1 pontos, interrompendo cinco dias de alta.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em baixa. O DI para abril e 2018 recuou de 6,725% para 6,705%. O DI para janeiro de 2019 teve baixa de 6,900% para 6,820%.

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