Em crise, governo mineiro vai vender parte da Codemig

Crédito: Edson Silva/Folhapress A judoca Stefannie Arissa Koyama, que disputará o Mundial de Budapeste pela seleção brasileira
Mina de nióbio da CBMM em Araxá, em Minas Gerais

DANIEL CAMARGOS
DE SÃO PAULO

O governo de Minas Gerais planeja realizar uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da estatal que detém concessões de exploração de minérios e água mineral.

A oferta pode chegar a 49% da participação na companhia, a Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais).

Ainda não há, oficialmente, avaliação sobre o volume de recursos que o Estado poderá obter com as vendas, que segundo o jornal "Valor Econômico" seria de até R$ 3 bilhões.

O governo mineiro, comandado pelo petista Fernando Pimentel, também afirma que não está definida a destinação dos recursos, que podem amenizar o déficit do caixa estadual, cuja previsão para este ano é de R$ 8,18 bilhões.

Como exemplo da crise por que passa o Estado, parte dos servidores de Minas Gerais tiveram o décimo-terceiro salário dividido em quatro parcelas, sendo que a última será paga em abril. Minas também parcela os pagamentos de quem recebe mais de R$ 3.000.

A Codemig iniciou a seleção de instituições financeiras que irão organizar o processo de abertura de ações, que, segundo comunicado, terá "esforços de venda no exterior".

"A medida objetiva diversificar o capital, com a finalidade de promover maior dinamismo e autonomia à condução dos negócios sociais", informa a companhia.

O projeto que permite a abertura de capital da Codemig foi aprovado a toque de caixa. Apresentado por Pimentel em 30 de novembro, com pedido de urgência, foi aprovado pela Assembleia Legislativa em 19 de dezembro e sancionado pelo governador em 4 de janeiro.

A oposição foi contra. "Não queremos passar mais um cheque em branco para o governo", afirma o líder do bloco de oposição na Assembleia, Gustavo Valadares (PSDB).

NIÓBIO E ÁGUA

A principal arrecadação da Codemig advém da exploração de nióbio, em Araxá (360 km de Belo Horizonte), onde a empresa detém o direito sobre uma reserva. A reserva é explorada pela CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), que repassa 25% do lucro líquido para a estatal, em contrato que vai até 2032.

Esse repasse corresponde a 85% da receita líquida total da Codemig, que em 2016 foi de R$ 557,7 mihões. O faturamento foi de R$ 825 milhões.

As reservas de nióbio –usado para melhorar a qualidade em produtos de aço como os usados na produção de automóveis, pontes e edifícios– em Araxá são responsáveis por 75% da produção do mineral no mundo e têm capacidade de ser explorado por mais 400 anos, segundo a Codemig.

A Codemig também é detentora da concessão das fontes de águas mineiras das marcas Araxá, Caxambu, Cambuquira e Lambari.

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