Descrição de chapéu Bradesco

Bradesco lucra quase 10% a mais no 1º trimestre com despesas menores

Para presidente do banco, sinergias de receita com HSBC já são capturadas neste ano

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em Osasco
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em Osasco - Paulo Whitaker/Reuters
Danielle Brant
São Paulo | Reuters

​O Bradesco teve aumento de 9,8% no lucro no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2017, para R$ 5,102 bilhões, com aumento das receitas de prestação de serviços, corte de despesas e uma redução das provisões contra calotes de clientes. 

Esses fatores ajudaram a compensar o recuo na carteira de crédito do banco e a queda nos prêmios (valores pagos por clientes) no segmento de seguros. 

Na comparação com o quarto trimestre, o lucro cresceu 4,9%. Em conferência por telefone, o presidente do banco, Octavio de Lazari, que assumiu o cargo em março, avaliou o resultado do Bradesco como sólido. 

"Os fundamentos do nosso balanço estão sólidos e equilibrados. Temos também prioridades para 2018, que já vêm sendo desenvolvidas desde 2017, que é manter uma disciplina de custos nesse e nos próximos anos, lembrando que os ajustes devem ser graduais a partir de agora, pois já estão praticamente concluídos o ajuste do HSBC", afirmou.

Segundo ele, as sinergias de receitas com o HSBC já estão sendo capturadas pelo banco neste ano, depois de uma antecipação de algumas expectativas que constavam no plano de negócios da aquisição do concorrente, em 2015.

"Ajustamos todo o parque de agências, as estruturas físicas, juntamos o que tínhamos que juntar, fechamos o que tínhamos que fechar. A gente está acabando de ajustar", afirma o presidente do banco. 

Lazzari confirmou ainda o fechamento ou conversão de 200 agências em 2018.

"Não dá mais para esperamos o fechamento do mês para avaliar a performance da produção. É absolutamente necessário que possamos sentir o pulso da rede de agências e dos pontos de venda diariamente, para implementarmos mudanças táticas, mudarmos o plano de negócios e ajustarmos o caminho se houver necessidade", disse.

No trimestre, as receitas com prestação de serviços do banco cresceram 5,4%, com aumento das receitas com cartão, que avançaram 4,8%, conta-corrente (+9,2%) e administração de fundos (+9%).

Já as despesas operacionais do banco ficaram praticamente estáveis no primeiro trimestre na comparação anual, com uma leve queda de 0,4%, para R$ 9,639 bilhões.

No fim de março, o Bradesco tinha 4.708 agências, 414 a menos em 12 meses. A folha de pagamento também teve uma redução de 9.051 funcionários no período, para 97.593.

No ano, o Bradesco viu sua margem financeira com juros recuar 2,6%, para R$ 15,493 bilhões. O spread bruto —diferença entre o juro de captação e empréstimo do banco— se manteve estável em 11,6%.

"Os spreads têm caído, e a gente tem apetite de crescer, e nesse processo de crescimento, é natural que a competição entre os bancos vá levar a esses spreads se reduzirem", afirma Firetti.

Ele avalia que ainda há uma situação de riscos elevados, com inadimplência de grandes empresas em torno de 2%, contra 0,5% em 2013 ou 2014. "Spreads das linhas de menor risco de pessoas físicas, financiamento imobiliário, veículos, já diminuíram bastante", afirma.

"As medidas do Banco Central [de limitar o uso do rotativo do cartão] têm impacto no cartão de crédito, a margem de crédito tem se reduzido. É natural a ansiedade de querer ver os spreads se reduzindo rapidamente, mas eles estão seguindo no fluxo natural".

CALOTE

A melhora da inadimplência do Bradesco no ano —o atraso acima de 90 dias recuou de 5,6% para 4,39% em um ano— permitiu ao banco diminuir sua provisão para calote de devedores duvidosos. 

A chamada PDD expandida, que inclui as reservas com despesas e receita com recuperação de crédito, recuou 26,3% no ano, para R$ 3,892 bilhões. A queda foi motivada principalmente pela diminuição de 22% das despesas com o calote desses clientes na base anual.

Por outro lado, a receita com recuperação de crédito recuou 6,1% no primeiro trimestre. "Tem um efeito sazonal no primeiro trimestre por conta de férias, Carnaval, é um pouco mais fraco. A recuperação também tem o efeito do fato de a gente já ter recuperado bastante, essas recuperações vêm do crédito baixado a prejuízo", afirma Carlos Firetti, diretor de relações com o mercado do banco. 

Segundo ele, a recuperação é maior no pagamento à vista. 

Lazari complementou que, nos últimos três anos, os índices de inadimplência vêm caindo, o que reduz o estoque de crédito a recuperar. "Essa queda é em função da redução da carteira, mas sobretudo da qualidade das novas concessões. A cada safra que a gente observa, os índices de inadimplência estão melhores."

O NPL creation, indicador antecedente de inadimplência, foi de 1,2%, ante 1,8% um ano antes.

CRÉDITO

O resultado do banco no primeiro trimestre ocorreu apesar da contração de 3,2% da carteira de crédito do banco em um ano, para R$ 486,645 bilhões. A queda ficou bem abaixo do intervalo previsto pelo próprio banco para 2018, de expansão de 3% a 7%.

O movimento veio na contramão do rival menor Santander Brasil, que na terça-feira anunciou alta de 9% da carteira de crédito no primeiro trimestre.

Nas linhas concedidas a pessoas físicas, houve avanço de 3,5% no primeiro trimestre, para R$ 177,814 bilhões. O banco expandiu em 13,4% as concessões no crédito consignado e em 5,5% o financiamento imobiliário. Por outro lado, a linha de cartão de crédito recuou 3%, enquanto o crédito pessoal teve recuo de 1%.

Para empresas, o crédito caiu 6,7% em um ano, para R$ 308,831 bilhões. O maior recuo foi para grandes empresas (-7,5%), enquanto micro, pequenas e médias caíram 4,7%.

Em outra frente, os prêmios emitidos de seguros, previdência e capitalização caíram 17,1% sequencialmente e 2,1% contra um ano antes, para R$ 17,57 bilhões.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.