Descrição de chapéu câmbio dólar

No 5º dia de alta, dólar testa R$ 3,50 e fecha no maior nível em quase 2 anos

Aposta em mais aumentos de juros nos EUA e cautela com eleições pressionam moeda

Dólar sobe pelo 5º dia e fecha no maior nível desde junho de 2016
Dólar sobe pelo 5º dia e fecha no maior nível desde junho de 2016 - REUTERS
Danielle Brant
São Paulo

O dólar teve o quinto dia seguido de alta em relação ao real e testou o patamar de R$ 3,50 nesta quarta-feira (25), ainda impactado pela projeção dos investidores com altas adicionais de juros nos Estados Unidos e por uma cautela com o cenário eleitoral no Brasil. A Bolsa brasileira caiu pelo 2º dia.

A Bolsa brasileira teve queda de 0,50%, para 85.044 pontos. O volume financeiro foi de R$ 11,2 bilhões, contra giro médio diário de R$ 10,4 bilhões. O dólar comercial subiu 0,46%, para R$ 3,486, maior nível desde 13 de junho de 2016, quando terminou a R$ 3,487. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 1,03%, para R$ 3,508.

O dólar começou o dia pressionado e, na máxima, atingiu R$ 3,517. A alta refletiu um novo aumento dos rendimentos dos títulos públicos americanos de dez anos, que superaram 3,03% ao ano.

Essa elevação respondeu a uma maior demanda dos investidores pelo papel, com a expectativa de que o aumento dos preços das commodities vá gerar pressão inflacionária nos Estados Unidos, o que levaria o banco central americano a altas adicionais de juros no país.

"O investidor busca tranquilidade tanto do lado externo quanto do interno, mas não encontra refresco. A gente vê que, nesses últimos dados americanos, a inflação veio mais forte, o que gerou dúvidas sobre os três aumentos esperados de juros nos EUA neste ano. O mercado já fala em até cinco", afirmou Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

"Se a inflação subir, o banco central americano vai ter que utilizar a ferramenta para conter um pouco o aumento de preços. Há muitas incertezas pela frente, o que leva o investidor a procurar proteção."

Essa proteção se dá pela compra de dólar ou contratos futuros de dólar, como uma forma de travar uma cotação da moeda americana em meio a um cenário em que uma maior desvalorização do real possa comprometer o ganho desse investidor. 

"Quem investiu está protegendo o capital, quem está na Bolsa protege as ações, e ainda há quem esteja desmontando a operação e repatriando dinheiro para os Estados Unidos, para aplicar em títulos do governo", diz Galhardo. "É o único título que nunca deixará de ser pago. O investidor procura uma tranquilidade, mesmo em detrimento de um retorno maior, para não ficar nessa gangorra que a gente está."

Nessa equação entra a questão política, com a falta de uma clareza sobre a política econômica dos pré-candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto. Nesta quarta, também pesou a incerteza envolvendo a possibilidade de o STF (Supremo Tribunal Federal) retirar do juiz Sergio Moro as ações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Se o Lula volta, ele continua com 30% de intenção de voto. Pode lançá-lo a presidente do país, o que dá mais um dos motivos para a valorização do dólar", diz Galhardo.

O Banco Central vendeu nesta sessão o lote de até 3.400 contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, já rolou US$ 2,210 bilhões dos US$ 2,565 que vencem em maio.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) se valorizou 0,53%, para 172,1 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados subiram. O DI para julho deste ano avançou de 6,253% para 6,260%. O DI para janeiro de 2019 teve alta de 6,230% para 6,245%.

AÇÕES

Dos 64 papéis do Ibovespa, 31 subiram e 33 caíram.

O dia foi de estreia na Bolsa das ações da Hapvida, de planos de saúde. Os papéis dispararam 22,77%, para R$ 28,85. Eles haviam sido precificados a R$ 23,50. Na segunda, a Intermédica fez a primeira oferta inicial de ações do ano na Bolsa brasileira. A empresa subiu 22,7% na estreia.

A Braskem caiu 3,77% e a Kroton teve queda de 3,38%. 

As ações da Petrobras estiveram entre as maiores quedas do Ibovespa, com perda de quase 3%, mesmo com alta dos preços do petróleo no exterior. Os papéis mais negociados da estatal tiveram queda de 2,99%, para R$ 21,73. As ações com direito a voto caíram 3,17%, para R$ 23,50.

Na ponta positiva, as ações da Qualicorp subiram 5,42%. A Suzano se valorizou 3,98%, e a Localiza teve ganho de 3,30%.

A mineradora Vale teve desvalorização de 0,75%, para R$ 47,95.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 0,59%. As ações preferenciais do Bradesco subiram 1,22%, e as ordinárias se valorizaram 1,54%. O Banco do Brasil avançou 1,31%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil recuaram 3,06%.

O banco divulgou, na noite de terça-feira (24), aumento de 25,4% no lucro no primeiro trimestre, para R$ 2,859 bilhões. 

"Está um papel caro. O balanço veio positivo, mas, como o banco soltou o resultado na terça-feira lá fora, parte da puxada ocorreu na sessão de terça", diz Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.

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