Não adianta baixar agora e aumentar mais para frente, diz líder grevista

Gustavo Uribe
Brasília

 No acostamento da Rodovia João Ribeiro de Barros, entre as cidades de Jaú e Bauru, no interior de Sâo Paulo, o motorista Ariovaldo Almeida Junior conta que a manifestação dos caminhoneiros, que começou a ser planejada na semana retrasada, não tem data para acabar.

Na noite desta quarta-feira, o presidente da Petrobras anunciou a redução de 10% do diesel por 15 dias. A decisão, segundo Barros, não é suficiente para interromper a paralisação. 

"Não adianta baixar agora e aumentar de novo mais para frente. Eles criaram um caos desnecessário no país", disse.

Para caminhoneiros de 26 anos, além de diminuir o valor sem prazo de validade, é necessário criar um parâmetro de preços que evite um "aumento desenfreado" do óleo diesel.

"Só com esse anúncio, a paralisação continuará em tempo indeterminado", afirma. 

 

12 homens em pé posam para foto com lanternas nas mãos
Caminhoneiros protestam em estrada no interior de São Paulo. No centro, de camiseta branca, um dos líderes da paralisação - Álbum Pessoal

DECISÃO DE PARAR

Há dois dias sem dormir, o jovem relata que a ideia de fazer uma paralisação para pressionar pela redução do preço dos combustíveis começou a ser discutida em Ourinhos (SP), onde é diretor do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos.

"Eu procurei outras entidades sindicais autônomas do interior paulista, como de Bauru, Piracicaba e Jaú. Nós elegemos uma liderança para o movimento em cada local", disse à Folha.

Para ganhar adesão fora de São Paulo, ele conta que dirigiu cerca de 680 km, no dia 14 de maio, até Volta Redonda, no Rio de Janeiro. A adesão ao movimento surpreendeu.

"A expectativa inicial era uma paralisação apenas em São Paulo e Volta Redonda, mas recebemos ligações de outras entidades de caminhoneiros", afirmou.

Segundo ele, o movimento não tem vinculação política e não é contra a gestão atual. "Não temos nada contra ou a favor o governo federal", disse.

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