A AGU (Advocacia-Geral da União) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) recorreram nesta sexta-feira ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) em busca de derrubar decisão liminar da 19ª Vara Federal do Rio de Janeiro que suspendeu o leilão de seis distribuidoras de energia subsidiárias da Eletrobras, informou a AGU.
A decisão suspendeu o leilão de venda das distribuidoras Amazonas Energia, Ceron, Ceal, Boa Vista Energia, Eletroacre e Cepisa, informou a assessoria de imprensa da AGU.
A suspensão foi solicitada pela Associação dos Empregados da Eletrobras e concedida pela Justiça Federal do Rio, que em uma análise inicial do caso entendeu não existir autorização legislativa para a venda das distribuidoras.
No recurso, a AGU explica que a autorização já foi dada por diversos dispositivos legais, citando seis leis no pedido para reverter a decisão.
A AGU e o BNDES também ressaltam que o Tribunal de Contas da União (TCU) já reconheceu recentemente a legalidade da realização do leilão, em acórdão deste ano. E que a manutenção das subsidiárias sob controle da Eletrobras colocará em risco a continuidade do fornecimento de energia elétrica nos Estados onde as empresas atuam —Acre, Alagoas, Amazonas, Piauí, Rondônia e Roraima— e onerará excessivamente os consumidores locais.
Isso ocorre, de acordo com a AGU, por que as subsidiárias dependem de elevados investimentos para continuar operando – recursos que somente poderão vir dos compradores particulares, tendo em vista as restrições financeiras enfrentadas pela União e pela própria Eletrobras.
A AGU também menciona, no recurso, que as seis empresas acumularam um prejuízo de R$ 4,5 bilhões em 2017, de modo que as operações têm sido mantidas com a ajuda da Reserva Global de Reversão (RGR).
“Como são recursos que deverão ser posteriormente devolvidos ao sistema elétrico por meio de ajustes tarifários, o atraso na venda das subsidiárias representará, no futuro, um custo maior para os consumidores atendidos por elas”, disse a AGU em uma nota à imprensa.
AGU e BNDES também alertam que, caso as distribuidoras não sejam vendidas, elas teriam que ser liquidadas pela Eletrobras – o que significaria possível demissão dos funcionários e risco de descontinuidade no fornecimento de energia para os Estados atendidos por elas.
Além da decisão judicial que suspendeu o leilão, outras duas decisões liminares em separado também ameaçam a licitação— uma do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que vetou a venda da Ceal, distribuidora da Eletrobras no Alagoas, e uma da Justiça no Piauí, que suspendeu efeitos de uma assembleia da Cepisa, do Piauí, que aprovou a venda da empresa.
A agência de notícias Reuters apurou que a expectativa na estatal é que as liminares sejam derrubadas rapidamente pelo governo, o que viabilizaria o leilão com todas as distribuidoras, ainda que com algum atraso.
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