Martin Wolf, 74, é comentarista-chefe de economia do jornal britânico Financial Times. Em 2000, ele recebeu o título de CBE (Commander of the British Empire, cavaleiro comandante da ordem do Império Britânico) por serviços prestados.
Ele selecionou o que considera o melhor dos livros de economia para o fim de ano. História das bolhas, desigualdade e relação entre globalização e democracia estão entre as indicações do colunista do Financial Times. Veja os livros abaixo:
Less is More: How Degrowth will Save the World [Menos é mais: como o decrescimento vai salvar o mundo]
Jason Hickel, Heinemann, R$ 108,44 (ebook), 336 págs.
O antropólogo econômico diz que só podemos salvar a humanidade e o planeta abandonando o capitalismo, a ideia de crescimento econômico e as noções de domínio da humanidade sobre a natureza que datam de milhares de anos. Para mim, esse programa não é uma forma plausível nem eficaz de responder à crise climática. Mas foi instrutivo ler uma exposição tão lúcida desse ponto de vista cada vez mais amplamente compartilhado.
Democracy and Globalization: Anger, Fear, and Hope [Democracia e globalização: raiva, medo e esperança]
Josep M. Colomer e Ashley L. Beale, Routledge, R$ 230,58 (ebook), 172 págs.
Este estudo da relação entre democracia e globalização argumenta que, como a globalização perturba a democracia, precisamos “globalizar a democracia”. Assim, os autores defendem um governo mais representativo, eficaz e responsável via novas combinações de democracia direta, governo representativo e governo de especialistas. É uma direção idealista, mas lógica, para a humanidade seguir. Mas seguirá?
The Costs of Inequality in Latin America: Lessons and Warnings for the Rest of the World [Os custos da desigualdade na América Latina: lições e advertências para o resto do mundo]
Diego Sánchez-Ancochea, IB Tauris, R$ 138,25 (ebook), 216 págs.
Com o aumento da desigualdade nas democracias de alta renda, suas políticas tornaram-se cada vez mais semelhantes às da América Latina, a região mais desigual. A alta desigualdade fortalece o poder econômico e político. Isso causa reações populistas. Os paralelos com as democracias contemporâneas de alta renda são perturbadores.
2030: How Today’s Biggest Trends Will Collide and Reshape The Future of Everything [2030: Como as maiores tendências de hoje irão colidir e remodelar o futuro de tudo]
Mauro F. Guillén, Flint Books, R$ 104,67 (ebook), 288 págs.
Não sabemos como será o mundo em 2030. Mas conhecemos as tendências subjacentes que irão moldá-lo. Este livro instigante joga luz sobre o mais importante: mudanças demográficas, especialmente o “baby boom” africano; o surgimento de uma nova classe média global; “mais telefones celulares do que banheiros”; a economia do compartilhamento.
The Great Demographic Reversal: Aging Societies, Waning Inequality, and an Inflation Revival [A grande reversão demográfica: sociedades envelhecidas, redução da desigualdade e renascimento da inflação]
Charles Goodhart e Manoj Pradhan, Palgrave Macmillan, R$ 153,17 (ebook), 260 págs.
Os autores dizem que a inflação e os juros baixos e a alta da desigualdade nas últimas décadas se deveram à entrada da China na economia mundial e ao peso da meiaidade nos países de alta renda. Agora, a desglobalização e o envelhecimento vão geram mais inflação, juros mais altos e menor desigualdade.
Boom and Bust: A Global History of Financial Bubbles [Sucesso e explosão: uma história global das bolhas financeiras]
William Quinn e John D. Turner, Cambridge, R$ 102,60 (ebook), 296 págs.
Explica as bolhas pelo “triângulo da bolha”. Seus três lados consistem em oxigênio, que é a “comercialização” dos ativos; combustível, que é “dinheiro e crédito”, e calor, que é “especulação”. Essa combinação se repete sempre, assim como as bolhas. Assim como os incêndios, as manias financeiras e as quebras são destrutivas, mas também podem ser úteis, eliminando lenha morta.
Windows of Opportunity: How Nations Create Wealth [Janelas de oportunidade: como as nações criam riqueza]
David Sainsbury, Profile, R$ 97,13 (ebook), 288 págs.
Qual é a base da prosperidade? Inovação, afirma Sainsbury, empresário e ex-ministro britânico. A inovação não é um maná do céu. Os governos de países bem-sucedidos criam sistemas nacionais de educação e treinamento e, acima de tudo, de inovação. Os governos precisam apoiar a ciência e a formação técnica, bem como as principais indústrias e tecnologias, para que suas economias prosperem.
Money For Nothing: The South Sea Bubble and the Invention of Modern Capitalism [Dinheiro para nada: a Bolha do Mar do Sul e a invenção do capitalismo moderno]
Thomas Levenson, Head of Zeus, R$ 57,29 (ebook), 480 págs.
Um relato sobre a bolha seminal do capitalismo: a Bolha do Mar do Sul, há 300 anos. Como aconteceu tantas vezes depois, a inovação financeira gerou mania, pânico e destruição. A grande inovação na época foi uma parente próxima da securitização que originou a crise de 2008. Algumas coisas, infelizmente, nunca mudam.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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