Tendência é que banco ofereça novos serviços e varejista forneça crédito

Para sobreviver no setor, será preciso avançar na transformação digital, avaliam debatedores

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Paulo Veras
Recife

A entrada de novos players no mercado de meios de pagamento não se restringe mais às fintechs. Com a chegada de grandes varejistas e empresas de telefonia, a oferta de serviços, inclusive os não financeiros, torna-se fundamental para a sobrevivência dos negócios.

O diagnóstico é dos debatedores do seminário Tendências em Meios de Pagamento, realizado pela Folha, na terça-feira (26), com patrocínio da Mastercard Brasil.

“Um grande diferencial é complementar ofertas. Quanto mais respostas você oferecer ao seu cliente, mais dentro da sua plataforma ele ficará”, afirma Bruno Diniz, autor de “O Fenômeno Fintech”.

Ele cita como exemplo a oferta de linhas de crédito por aplicativos de delivery de comida para os restaurantes cadastrados na plataforma. “O aplicativo já está no dia a dia do restaurante. Se começar a atrelar benefícios financeiros, já pode fazer diferença”, diz.

Diniz lembra que a empresa que oferece esse serviço pode ter até mais informações para avaliar a oferta de crédito do que um banco tradicional. Isso porque ela sabe, por exemplo, a sazonalidade do cliente ou como o serviço é avaliado.

No Santander, a plataforma online de busca de veículos Webmotors já atuava integrada à área de financiamento do banco, mas a análise do seguro não era ágil.

O banco formou uma joint-venture com a HDI Seguros para criar uma seguradora totalmente digital, a Santander Auto. A nova empresa passou a usar as informações que já eram fornecidas para análise de crédito na hora do financiamento do veículo e os hábitos de navegação na plataforma digital da Webmotors para, sem pedir nenhum dado adicional, precificar o seguro e oferecer um serviço customizado.

“Hoje mais de 20% dos financiamentos que são feitos são segurados”, conta Geraldo Rodrigues, diretor de Negócios Digitais do Santander Brasil.

Ele diz que o banco hoje é um ecossistema de soluções, de fintechs, com mais de 15 empresas conectadas ao grupo Santander.

Robson Dantas, diretor de fintech do Magazine Luiza, também aposta nessa tendência. “É aproveitar a sua audiência, a proximidade com o usuário, para colocar produtos financeiros na plataforma que ajudem a fidelizar ou monetizar um pouco essa base.”

A varejista parte de uma audiência de 30 milhões de usuários únicos por mês nas suas plataformas digitais e de uma carteira de pagamentos com mais de 2 milhões de clientes para ofertar, por exemplo, o cashback. “Você compra no Magazine Luiza e uma parte do valor é devolvido na sua carteira de pagamento para incentivar frequência”, explica Dantas.

Na visão de Raul Moreira, coordenador do Comitê de Inovação do Banco Original, o processo de diversificação no mercado de meios de pagamento pelo qual o Brasil tem passado é natural, já que o consumidor busca uma experiência digital de qualidade com um preço adequado. Ele acredita, porém, que nos próximos cinco anos, deve haver uma consolidação de alguns serviços.

“Os players que realmente se diferenciarem na proposta de valor para o consumidor e no modelo digital vão acabar prevalecendo”, prevê Moreira.

Ele aposta que sobreviverão os bancos tradicionais que realmente fizerem a sua transformação digital, os bancos digitais que conseguirem se transformar em plataformas completas e aqueles players, podendo ser varejistas ou fintechs, que possam efetivamente colocar à disposição do público a maior gama de produtos e serviços.


Assistá à íntegra do webinário:


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