'Vamos ter um nível de falências recorde', diz presidente da FecomercioSP

Entidade lançou manifesto após tentativas frustradas de negociação com governantes

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São Paulo

A FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) atendeu a um pedido dos sindicatos associados e resolveu se manifestar publicamente pedindo para que as empresas voltem a trabalhar.

A entidade lançou nesta quarta-feira (7) um manifesto intitulado “As empresas precisam voltar a trabalhar”, em que critica a ausência de coordenação entre os governos federal, estaduais e municipais no combate ao coronavírus.

Também reclama da demora na aprovação de benefícios para empresas que estão fechadas por conta de determinações de estados e municípios e cobra valores pertinentes para o auxílio emergencial repassado à população.

“Não adianta falar com os governos. Nada foi feito até agora. Estamos cansados de sugerir, falar, propor. Está difícil. Precisaríamos de mais recursos e linhas novas para empréstimos. Foi por isso que resolvemos fazer o manifesto. Os sindicatos filiados solicitaram uma posição nossa”, afirma Abram Szajman, presidente da FecomercioSP.

Segundo ele, a falta de medidas para proteção de empresas vai gerar um nível recorde de falências.

No manifesto, a FecomercioSP apresenta algumas opções do que poderia ser feito, como prorrogação no vencimento de tributos e um auxílio emergencial para pequenas empresas, em quatro parcelas, cada uma com um valor correspondente a 10% da média do faturamento mensal observado em 2020.

“Não admitimos assistir, passivamente, à extinção de milhares de empresas. É urgente, portanto, trabalharmos para a reconstrução da economia brasileira preservando os nossos empreendedores”, diz o texto.

Como o governo lidou com a pandemia?
Não houve uma unificação de ideias e planos e isso foi muito prejudicial. Se houvesse um plano geral as coisas teriam transcorrido de maneira melhor.

Que tipo de plano geral?
Ter comprado vacina na época certa. Ter feito um plano unificado de distribuição da vacina entre os governos, protegido as empresas, com expansão dos prazos de pagamentos dos impostos e todo um conjunto de medidas que não foram tomadas.

Que conjunto de medidas?
Mais crédito emergencial, suspensão e parcelamento de tributos, flexibilização trabalhista. Como as empresas podem aguentar? Vamos ter um nível de falências recorde. Como as empresas de comércio e serviços estão fechadas, não podem pagar imposto, conta de luz e telefone. São problemas que se arrastam desde o ano passado.

Já possuem algum tipo de estimativa com relação ao fechamento das empresas?
É difícil quantificar, mas vai acontecer porque estamos prevendo que empresas não vão suportar ficar fechadas tanto tempo. Vai ser difícil.

Qual a saída?
Ampliar a vacinação. Quanto mais rápido melhor, porque ajuda a abrir as lojas e atividades de serviços. Além da vacinação precisa ter fiscalização. As empresas cumprem higiene e tomam medidas de prevenção. Nas ruas, os ambulantes vendem os produtos e não tem fiscalização. Temos que ter fiscalização mais efetiva.

No manifesto vocês falam de uma perda de R$ 24 bilhões nas vendas das varejistas. Como foi feito esse cálculo?
Foi feito pelo nosso departamento de economia. Também estamos fazendo com relação às perdas dos setores de serviços e turismo. Ainda não temos uma estimativa, mas serão volumes extremamente altos.

Que tipo de ajuda as empresas querem?
O governo do estado [de São Paulo] abriu uma linha de R$ 100 milhões para restaurantes e empresas de serviços. Pedimos a expansão dos prazos de pagamentos. O pessoal ficou sem trabalhar muito tempo, não tem recursos. Também pedimos para o banco de desenvolvimento abrir linha de crédito para que pequenas e médias empresas pudessem ter facilidade de recursos para enfrentar as dificuldades.

Chegaram a falar com os governantes?
Não adianta falar com os governos. Nada foi feito até agora. Estamos cansados de sugerir, falar, propor. Está difícil. Precisaríamos de mais recursos e linhas novas para empréstimos. Foi por isso que resolvemos fazer o manifesto. Os sindicatos filiados solicitaram uma posição nossa.

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