Descrição de chapéu Financial Times

Empresas de transporte por aplicativo entram na mira de reguladores chineses

Grupos advertem sobre a fixação de preços e o monopólio de dados de clientes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Christian Shepherd
Pequim | Financial Times

O órgão regulador do mercado na China expandiu seu controle das companhias tecnológicas do país ao setor de trasnporte por aplicativo, advertindo executivos da Didi Chuxing e de outras nove empresas contra a fixação de preços e o monopólio de dados.

Executivos de dez companhias que operam plataformas de transporte particular e entregas por aplicativo foram chamados nesta sexta-feira (14) para uma reunião com oito departamentos do governo, incluindo a administração estatal para regulamentação do mercado, o ministério dos transportes e o ministério da segurança pública, segundo o veículo oficial Notícias dos Transportes da China.

As plataformas de transporte por aplicativo foram instruídas a tratar várias questões, incluindo o alto custo para os motoristas, mecanismos obscuros de divisão de lucros e mudanças arbitrárias nos preços.

As plataformas de frete foram censuradas por monopolizar dados de transporte, forçar a queda dos preços no setor e cobrar taxas aleatórias dos membros.

Logo da empresa chinesa de transporte por aplicativo Didi Chuxing - Carlos Jasso - 10.jul.18/Reuters

A intimação faz parte de uma campanha em evolução dos órgãos reguladores da China para refrear as gigantes da internet e aplicar novas regras para romper monopólios e garantir que dados de usuários sejam protegidos, segundo Will Tao, analista de tecnologia independente.

A campanha, que ganhou força depois que os reguladores inesperadamente cancelaram a enorme oferta pública inicial do Ant Group, jogou os empresários de internet do país contra o desejo do Partido Comunista Chinês de controlar o mercado e reduzir práticas anticompetitivas.

Junto com a Didi, plataforma apoiada pelo SoftBank que dominou o transporte por aplicativo na China desde que a Uber deixou o mercado em 2016, estavam as rivais locais menores Meituan Chuxing, do grupo de e-commerce Meituan, e Cao Cao Mobility, filial de transporte pessoal da automotiva privada Geely. As plataformas de frete Full Truck Alliance e Huolala também estavam na reunião.

A Didi, que deverá entrar na Bolsa de Nova York neste ano, tem há muito tempo uma relação tensa com as autoridades por causa de uma série de incidentes de segurança —e até assassinatos— envolvendo seus motoristas em 2018, que lhe renderam duras advertências da polícia e a suspensão do serviço de carona solidária da companhia.

A Didi foi novamente criticada pelo ministério dos transportes em março, quando motoristas se queixaram de que a companhia tinha aumentado os preços para os passageiros sem aumentar adequadamente seu pagamento.

A Didi respondeu na semana passada com uma promessa de ser mais transparente e divulgou uma análise de custos médios por pedido de 2020. Ela disse que seus motoristas receberam quase 80% na maioria dos casos, mas que houve um pequeno número de "casos extremos", representando apenas 2,7%, em que a empresa recebeu 30% do custo total das viagens, segundo o grupo.

Parte do motivo do governo para chamar as companhias foi garantir a estabilidade social entre os milhões de motoristas que ganham a vida trabalhando para a plataforma, disse Tao. "Em cidades com Pequim, há dezenas de milhares de motoristas que se conhecem bem e podem organizar protestos", afirmou ele. "As autoridades querem evitar essa situação."

Traduzido originalmente do inglês por Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.