Descrição de chapéu petrobras

Lira defende que governo venda ações para deixar de ser majoritário na Petrobras

Segundo presidente da Câmara, essa poderia ser uma alternativa diante da dificuldade de privatizar a estatal neste ano

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Brasília

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu nesta sexta-feira (27) que o governo de Jair Bolsonaro (PL) venda as ações da Petrobras detidas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A ideia dele é que a União deixe de ser acionista majoritária da empresa e, assim, evite o desgaste provocado pela política de preços da petroleira.

Lira concedeu entrevista à rádio Bandeirantes na manhã desta sexta e falou sobre as medidas adotadas pelo Congresso para tentar reduzir o custo da energia e o preço dos combustíveis no país.

O presidente da Câmara, que frequentemente critica a política de preços da estatal, levantou a possibilidade de o governo enviar um projeto para vender sua participação diante da avaliação de que a privatização completa da Petrobras não deve ocorrer devido ao atual cenário do país.

Prédio da Petrobras no Rio de Janeiro
Prédio da Petrobras no Rio de Janeiro, em foto de março de 2020 - Mauro Pimentel/AFP

"Você imagina num Brasil polarizado, cheio de versões como a gente vive, você votar uma PEC [proposta de emenda à Constituição] hoje de privatização da Petrobras. A privatização completa eu acho que o tempo talvez seja inadequado, muito pouco", afirmou.

"Agora, o governo pode, por um projeto de lei ou numa discussão mais rápida, vender as ações que tem no BNDES, em torno de 14%. Ele deixaria de ser majoritário. Ele tiraria das suas costas essa responsabilidade da falta de sensibilidade da Petrobras", defendeu.

Na avaliação do presidente da Câmara, a Petrobras não tem nenhum viés estruturante para o país a não ser pagamento de dividendos aos acionistas.

"E aqui ela se escuda no fato de o governo ser majoritário para não pagar o desgaste de sua inação, da sua falta de sensibilidade", afirmou.

"A Petrobras no Brasil é um ser vivo independente, não tem função social, não tem função estruturante. Ou a gente privatiza essa empresa ou toma as medidas mais duras. Ela não está cuidando, como numa regra de ESG [boas práticas ambientais, sociais e de governança], do nome da sua empresa. Porque todo desgaste da Petrobras não vai para a Petrobras. Todo desgaste vai para o governo federal."

Segundo ele, o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, deve enfrentar a questão da estatal.

Na entrevista, Lira abordou outras medidas para tentar reduzir o preço dos combustíveis e da energia no país.

O deputado afirmou que o Congresso tem cobrado do ministro Paulo Guedes (Economia) o subsídio direto para o óleo diesel para caminhoneiros, além de auxílio a taxistas e motoristas de aplicativos. Lira disse que o benefício poderia ser diretamente para as categorias.

"Porque também a gente aqui não precisa, com toda essa questão de teto de gastos e responsabilidade fiscal, talvez nós não tenhamos espaço para subsídio de todos os combustíveis linearmente para todo mundo."

"Mas direto, para o que causa inflação, que é para o transporte de cargas no Brasil e os transportes coletivos, essas questões de taxistas, Uber, é possível."

Ele criticou quem afirma que o presidente ficaria inelegível se adotasse medidas como as que defende. "Não se justifica uma ação como essa [junto ao TSE pedindo a inelegibilidade]. O mundo está em estado de exceção."

A seguir, defendeu a votação, nesta semana, do projeto que limita o ICMS sobre combustíveis, energia, transporte coletivo e telecomunicações.

O projeto faz parte de uma ofensiva de Lira para tentar reduzir o preço da energia no país, em meio à preocupação de aliados de Bolsonaro com o impacto da inflação sobre as eleições.

O texto aprovado nesta quarta-feira classifica combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo como bens e serviços essenciais. Com isso, valeria entendimento do STF que limita a incidência do imposto a a esses itens a uma faixa de 17% a 18%.

A proposta final da Câmara passou a prever uma compensação a estados em caso de perda de arrecadação.

Lira disse que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), assim como senadores se mostraram receptivos ao texto. "Porque eu entendo que ele não é um projeto de ninguém, ele é um projeto estruturante que modifica basilarmente essa questão dos impostos sobre serviços essenciais."

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