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A crise do Credit Suisse
O banco suísso Credit Suisse passa por uma crise de credibilidade junto a investidores.
Depois de suas ações despencarem e os títulos de CDS (Credit Default Swaps, uma espécie de seguro contra calote) do banco dispararem na semana passada, executivos passaram o fim de semana tentando tranquilizar clientes graúdos.
Não deu muito certo. Nesta segunda, os preços dos seus CDS atingiram as máximas, superando os da crise financeira de 2008, e suas ações chegaram a cair 11% –mas recuperaram as perdas com o dia positivo no mercado.
Entenda a bronca: os papéis do banco suíço já vinham sofrendo durante o ano com o azedume nos mercados globais, mas a situação ficou mais complicada nos últimos dias.
- Rumores no mercado sobre a necessidade do banco levantar capital a um custo alto para seguir em frente com seu plano de reestruturação pioraram o cenário.
- A prioridade é reformular a área de investment banking (fusões e aquisições, mercado de capitais e emissões de ações), considerada mais deficitária. O plano, que deve envolver milhares de demissões, deve ser apresentado no fim de outubro.
- Analistas do Deutsche Bank estimaram que ele deve deixar um rombo de 4 bilhões de francos suíços (R$ 22 bi) no caixa do Credit Suisse. O valor de mercado do banco caiu pela metade desde fevereiro e hoje gira em torno de US$ 10,6 bilhões (R$ 55,1 bi).
Executivos reforçam estabilidade: na sexta, o CEO do banco, Ulrich Körner, enviou um comunicado para acalmar os funcionários.
- "Nossa posição quanto a isso é clara. O Credit Suisse tem uma forte posição de capital e liquidez e balanço patrimonial. A evolução do preço das ações não muda esse fato."
O Credit Suisse se recusou a comentar.
Economistas sugerem guinada de Lula ao centro
Se Bolsonaro atribuiu o resultado do primeiro turno à sua bem-sucedida estratégia na economia, economistas ouvidos pela Folha não veem dessa forma e justificam a escolha do eleitor a uma onda conservadora.
Para eles, Lula vai precisar se adaptar a esse movimento e rumar ao centro para ganhar a eleição e, caso eleito, manter uma aliança com os partidos que estão localizados longe dos pólos do espectro ideológico.
- A Folha ouviu Elena Landau e Nelson Marconi, respectivos coordenadores dos programas econômicos de Simone Tebet e Ciro Gomes, e os ex-integrantes de governos petistas Nelson Barbosa e Bernard Appy.
- Também foram entrevistados Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real, e Arminio Fraga, ex-presidente do BC.
Já entre os gestores do mercado financeiro, a avaliação foi de que o eleitor aponta para um trajeto mais ao centro, o que reforça a perspectiva de continuidade de uma política mais liberal e favorece uma estabilidade maior na economia.
Para eles, a eleição de um Congresso que deve barrar pautas defendidas pela esquerda, como a revogação da reforma trabalhista, deve evitar uma grande mudança econômica no próximo governo.
Uma das raras opiniões contrárias veio da consultoria econômica britânica Oxford Economics.
Em relatório, afirmou que uma vitória de Bolsonaro no segundo turno seria o pior cenário possível para os mercados, porque "seu maior apoio no Congresso poderia permitir que ele demitisse juízes da Suprema Corte, deixando-o livre para dissolver o Congresso e suspender eleições livres, se assim o desejar".
Euforia no mercado após 1º turno
A euforia dominou o mercado financeiro brasileiro nesta segunda (3), dia seguinte ao resultado das urnas que indicou um segundo turno disputado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Em números: embalado também pelo cenário positivo lá fora, o dólar fechou em queda de 4,05%, a R$ 5,17. Foi o maior recuo diário da moeda americana desde 8 de junho de 2018.
- Na Bolsa, o Ibovespa saltou 5,54%, aos 116.134 pontos, na maior alta em um pregão desde 6 de abril de 2020, quando o mercado tentava entender os efeitos da pandemia.
O que explica? Os analistas atribuem o dia super positivo no mercado a algumas tendências que foram extraídas do resultado das eleições no 1º turno:
- Disputa acirrada: os investidores avaliam que o resultado apertado pode direcionar o candidato petista mais ao centro e esperam o anúncio de nomes para um eventual governo mais alinhados com o mercado.
- Congresso: a nova composição do Legislativo brasileiro, com o PL sendo dono da maior bancada na Câmara, foi considerada como uma "barreira antiesquerda" por agentes do mercado.
- Privatizações: o cenário menos negativo do que projetavam as pesquisas para Bolsonaro, candidato de agenda percebida como mais liberal, animou parcela dos investidores e impulsionou papéis de estatais, como Petrobras e Banco do Brasil.
Os papéis da petrolífera estatal saltaram 7,99%, enquanto os do BB subiram 7,63%.
Outro destaque foram as ações da Sabesp, companhia de saneamento controlada pelo governo paulista, que dispararam 16,94%.
- Com a liderança do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) no 1º turno em São Paulo, a perspectiva para a privatização da empresa também cresceu.
Reino Unido desiste de corte de impostos
Depois de ter causado pânico no mercado britânico e rebaixado a libra esterlina para a mínima histórica em relação ao dólar, o plano do governo do Reino Unido para cortar impostos foi abandonado.
"Está claro que o fim da taxa de imposto de 45% [para 40%] se tornou uma distração para a missão primordial de enfrentar os desafios de nosso país", disse no Twitter o ministro das Finanças do Reino Unido, Kwasi Kwarteng.
Relembre: o plano foi um dos primeiros anúncios do governo da nova primeira-ministra, Liz Truss. A ideia era evitar o efeito de uma provável recessão com uma forte redução de impostos, a um custo de 45 bilhões de libras (R$ 257 bilhões).
- Além da forte reação negativa no mercado, o pacote também foi criticado pelo FMI, por desonerar a parcela mais rica da população logo quando os de baixa renda são mais afetados pela inflação.
- Outro problema era que o plano incentivaria a demanda de consumo em um momento que o Banco da Inglaterra tenta reduzi-la com altas de juros.
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