Descrição de chapéu Financial Times

Indústria de táxi aéreo elétrico deve passar por 'seleção natural'

Gary Gysin, da Wisk Aero, diz que crise deixa investidor mais seletivo e reduzirá número de concorrentes

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Sylvia Pfeifer Steff Chavez
Londres e Chicago | Financial Times

O número de empresas do setor de táxi aéreo elétrico encolherá no próximo ano, à medida que os investidores apertam os cintos em meio à incerteza econômica global e se concentram em projetos que acreditam que darão resultados, disse o executivo-chefe de um empreendimento apoiado pela Boeing.

"Espero mais ‘sacudidas’ no próximo ano", disse Gary Gysin, executivo-chefe da Wisk Aero, em entrevista ao Financial Times. Ele disse que o financiamento para "muitas dessas empresas está acabando. A questão é: elas conseguirão outro aumento [de capital] e continuarão, ou não?"

"Carro voador" da Wisk no festival de aviação Farnborough Airshow, em Farnborough, no Reino Unido - Justin Tallis - 19.jun.2022/AFP

O setor atraiu bilhões de dólares nos últimos anos, pois os investidores compraram o sonho de transporte rápido e acessível nos céus, embora os reguladores da aviação ainda não tenham certificado os veículos.

"Acho que não houve atenção suficiente para os planos de negócios das pessoas que realmente vão operar essas aeronaves", disse Kevin Michaels, diretor administrativo da AeroDynamic Advisory. "A maior parte da atenção está nos próprios veículos e nas tecnologias. Mas como as pessoas podem realmente ganhar dinheiro? Você pode ter um Uber no céu?"

As pessoas vão dobrar as apostas nos projetos que acham que realmente darão certo", acrescentou, dizendo que os investidores se tornaram "muito mais inteligentes e racionais sobre o que é preciso para ter sucesso neste mercado" após a onda de entusiasmo do ano passado, durante a qual várias empresas foram listadas por meio de companhias com propósito específico de aquisição (Spacs).

Gysin disse acreditar que, em última análise, apenas quatro ou cinco empresas ficarão de pé, e citou as concorrentes Beta Technologies e Joby Aviation como rivais que ele "respeita".

Ele insistiu que o financiamento da Wisk continuará, apesar de um dos principais investidores da empresa, a start-up de táxi aéreo Kittyhawk, ter anunciado na semana passada que será encerrada. O objetivo da empresa era construir um táxi aéreo menor e mais leve que outros do setor.

Formada como uma joint venture entre a Boeing e a Kittyhawk (apoiada pelo cofundador do Google, Larry Page), ela recebeu mais US$ 450 milhões (R$ 2,4 bilhões) no início deste ano do gigante fabricante americana de aviões, acionista majoritária.

A saída do mercado da Kittyhawk "não teve nenhum impacto sobre nós" porque Page "ainda está no jogo" com vários investimentos no espaço, disse Gysin. A Wisk não precisa encontrar outro parceiro, mas está "aberta e em conversas" com outras empresas, acrescentou.

O grupo difere da maioria dos rivais, pois se concentra no voo autônomo. Deve revelar seu veículo de última geração, de quatro lugares, no início do próximo mês.

A Boeing disse em comunicado que a "decisão da Kittyhawk de encerrar as operações não mudou o compromisso da Boeing com a Wisk", acrescentando que não espera que a medida "afete as operações da Wisk ou outras atividades de forma alguma".

A Kittyhawk não respondeu quando procurada para comentar. "Tomamos a decisão de encerrar a Kittyhawk. Ainda estamos trabalhando nos detalhes do que virá a seguir", diziam suas postagens nas redes sociais.

No ano passado, investidores despejaram cerca de US$ 7 bilhões no mercado para todos os tipos de soluções futuras de mobilidade aérea, principalmente por meio de Spacs listadas nas bolsas dos Estados Unidos, segundo dados da McKinsey. Embora todos os tipos de veículos, de aviões de carga a drones de vigilância, sejam planejados, quase 75% do dinheiro foi para empresas que desenvolvem aeronaves elétricas tripuladas de decolagem e pouso vertical (eVTOL).

Grande parte dessa exuberância, porém, evaporou desde então. A indústria atraiu US$ 2,5 bilhões em financiamento este ano, segundo a McKinsey.

Robin Riedel, sócio da McKinsey que lidera o grupo de mobilidade aérea futura na consultoria, disse que ainda há uma ampla gama de participantes do setor atraindo financiamento. "Fundamentalmente, ainda estamos financiando startups aqui", disse ele.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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