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Dificuldades no acesso a investimento barram expansão de biotechs

Startups utilizam tecnologia em sistemas biológicos para otimizar produtos como alimentos, cosméticos e medicamentos

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Lucas Mendes
São Paulo

Falta de incentivo e dificuldade de acesso a investimentos atrapalham o crescimento das startups de biotecnologia no Brasil.

Nascidas dentro de universidades ou incubadoras, as biotechs, como são conhecidas, utilizam a tecnologia em sistemas biológicos e organismos vivos para criar ou modificar produtos como alimentos, cosméticos e medicamentos.

Imagem criada a partir das palavras-chave (prompts) ‘fazenda com painéis solares ao amanhecer e drones’, ‘iluminação épica’, ‘cinematográfica’, ‘altamente detalhada’, ‘hiper-realista’, ‘Unreal Engine 5’, ‘Octane Render’ e ‘8K’. Na imagem aparecem painéis solares em primeiro plano, um luz de por do sol, árvores ao fundo e um drone no céu.
Imagem criada a partir das palavras-chave (prompts) 'fazenda com painéis solares ao amanhecer e drones', 'iluminação épica', 'cinematográfica', 'altamente detalhada', 'hiper-realista', 'Unreal Engine 5', 'Octane Render' e '8K' - Carlos Xavier

Na área da saúde, a biotecnologia tem potencial de ajudar na cura e proporcionar maior sobrevida a pacientes, explica o diretor-executivo de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein, Rodrigo Demarch.
"Por meio de novas tecnologias, ajudaremos no desenvolvimento de produtos cada vez mais assertivos, diagnósticos e terapias de maior precisão e de baixo custo", diz.

Mesmo com um mercado avançando a passos lentos, há empresas que estão conseguindo crescer. É o caso da startup de biologia sintética Biolinker, fundada em 2018, por Mona Oliveira, 36, doutora em bioquímica e nanotecnologia pela USP.

Para abrir o negócio, Mona teve incentivo da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e contou com a ajuda do esloveno Sandi Ravbar, cofundador da Biolinker. Ainda assim, precisou usar dinheiro da poupança.

A startup conseguiu levantar R$ 200 mil e iniciou as atividades em uma sala de 45 metros quadrados dentro de uma das incubadoras da USP. O início foi difícil. "Tivemos de lidar com a falta de infraestrutura. Outras dificuldades foram o mapeamento de fornecedores, a obtenção de produtos para pesquisa e aspectos regulatórios."

Hoje, a startup tem 12 colaboradores e conta com uma infraestrutura cinco vezes maior, em Cotia (SP). Na pandemia, a empresa quintuplicou o faturamento após o desenvolvimento de um bioprocesso para fabricação de antígenos para testes da Covid-19.

"Nós conseguimos provar que funciona, publicamos artigos e análises, mas não virou um produto no mercado. Só as biomoléculas foram vendidas", diz Mona.

Estudo feito pela Distrito, plataforma de conexões de empresas e startups, mapeou a presença de 75 biotechs no país. Entre 2020 e setembro de 2022, foram US$ 21,3 milhões investidos (cerca de R$ 113 milhões).

"Não temos uma cultura de investir em startups com esse perfil. Também faltam políticas públicas voltadas para apoiar projetos biotecnológicos. Porém, estamos em um ecossistema em nascimento", diz Mona.

Com o objetivo de conectar empresas e instituições de pesquisa, a Liga Ventures realiza programas para formalizar parcerias com as biotechs e viabilizar novos negócios. Alice Laranjeira, gestora de prospecção e seleção de startups, está à frente do projeto.

Para ela, o Estado deveria investir no início do processo, ainda nas universidades, por meio de editais de fundações de amparo à pesquisa. "Além disso, o apoio de grandes empresas é fundamental devido à capacidade de investimento, potencial de escalabilidade e comercialização", diz.

Esta reportagem foi produzida a partir de aulas e conteúdos debatidos no curso Nova Economia, promovido pelo  FolhaLab+ iFood

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