Musk compra briga com a Apple, PEC da Transição é protocolada e o que importa no mercado

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Musk chama uma gigante para a briga

Depois de demitir metade dos funcionários do Twitter, incentivar que os remanescentes trabalhassem "longas horas em alta intensidade" e ver relevantes anunciantes deixarem a plataforma, o bilionário Elon Musk escolheu nesta segunda (28) um novo rival –a maior empresa do mundo em valor de mercado.

O homem mais rico do planeta tuitou que a Apple "ameaçou" banir o Twitter de sua loja de aplicativos sem dar justificativa e ainda afirmou que a fabricante retirou a maior parte de seus anúncios da rede social.

Para Randal Picker, professor da Universidade de Chicago ouvido pela Reuters, a decisão da Apple de bloquear o Twitter por causa do conteúdo seria "estranha". "Ela não bloqueia outros apps apesar de eles darem acesso a vários tipos de conteúdo, incluindo pornografia", afirmou.

Musk não parou por aí. O bilionário também questionou a taxa de 30% que a Apple cobra sobre compras feitas nos apps –como quando um usuário paga para impulsionar uma publicação, para ficar num exemplo do Twitter.

Entenda: a "taxa secreta" citada por Musk é alvo também de reguladores e é tema de uma longa disputa judicial entre a Apple e o estúdio Epic Games, do popular "Fortnite".

  • A produtora acusa a Apple de atuar como um monopólio em sua loja de produtos e serviços digitais. A companhia comandada por Tim Cook nega.

O julgamento foi retomado neste mês em um tribunal americano depois que as duas partes recorreram da última decisão.

  • A Epic Games questiona a decisão da juíza federal de que a Apple não atua como um monopólio em sua loja de aplicativos.
  • A companhia da maçã não concordou com a ordem de que teria que permitir aos apps a possibilidade de fornecer links alternativos de pagamento, fora do sistema da App Store.

A Apple não se pronunciou sobre as acusações tuitadas por Musk.


O desenho da PEC da Transição

O senador Marcelo Castro (MDB-PI) protocolou nesta segunda o texto da PEC que tira as despesas com o Bolsa Família do teto de gastos por quatro anos.

  • A ideia original da equipe do presidente eleito Lula (PT) era excluir esse tipo de gasto do limite de despesa de forma definitiva, mas mesmo o prazo de quatro anos escolhido deve enfrentar resistência no Congresso.

Em números: a proposta não tem valor específico para essas despesas, mas estimativas do PT apontam para um gasto extrateto de até R$ 198 bilhões com a PEC.

  • Seriam R$ 175 bilhões para manter o benefício mínimo de R$ 600 do programa social e instituir o pagamento adicional de R$ 150 por criança de até seis anos.
  • Os outros R$ 23 bilhões viriam de eventuais receitas extraordinárias (como bônus de assinatura de leilões de petróleo) para custear investimentos públicos fora do teto de gastos.
  • Sem o Bolsa Família no teto, os R$ 105 bilhões reservados para o programa na proposta de Orçamento poderiam ser destinados para outros compromissos de campanha do petista, como o aumento do salário mínimo e a retomada de investimentos.

Negociação: como a Folha mostrou, a cúpula do Congresso indicou que a PEC só tem chances de ser aprovada com validade de dois anos –integrantes da equipe de transição admitem ceder nesse ponto.

O que mais foi mantido da proposta original:

  • Dispositivo que permite ao governo usar recursos obtidos por meio de doações na execução de projetos ambientais extrateto.
  • A mesma lógica valeria para as universidades federais, que teriam autorização para executar despesas fora do teto caso sejam bancadas com receitas próprias, como doações ou captações.

A semana decisiva para o petróleo

Os países da UE (União Europeia) não chegaram a um acordo nesta segunda sobre o teto de preço a ser imposto para o petróleo russo a partir de 5 de dezembro, disseram envolvidos na negociação à agência Reuters.

Entenda: a medida é mais uma sanção europeia tomada após a Guerra da Ucrânia.

  • Os países da UE, que já não compram petróleo do Kremlin, agora irão impor um preço-teto para permitir que as seguradoras europeias prestem seu serviço aos navios que transportam a commodity russa para outras nações.

Disputa: os países mais ricos do bloco querem um limite entre US$ 65 e US$ 70 por barril, valor questionado pela Polônia, que afirma que o petróleo russo já é negociado nessa faixa.

  • Por outro lado, um preço limite muito baixo –de US$ 30, como quer a Polônia– pode acabar restringindo a oferta global da commodity e fazer as cotações dispararem novamente.
  • O temor das nações ricas é o efeito que isso terá na inflação. A Rússia produz mais de 10% do petróleo mundial e é um grande exportador de diesel.

Semana decisiva: no próximo domingo (4), um dia antes da proibição europeia começar a valer, os membros da Opep e seus aliados (entre eles a Rússia) se reúnem para decidir sobre o ritmo de produção de petróleo.

  • A decisão, a depender do tamanho, pode pressionar as cotações do petróleo e ampliar as fraturas na relação petrolífera saudita-americana, que dura décadas.

Avanço da telemedicina impulsiona startups

Em pouco mais de um ano, o número de healthtechs (startups de saúde) brasileiras saiu de 357 para 1.023 até a metade de 2022, de acordo com relatório da plataforma Distrito.

O que explica: o setor foi impulsionado pela pandemia, que gerou uma explosão nos serviços de telemedicina e de IA (inteligência artificial) nos diagnósticos a distância.

  • Mesmo com a retomada das atividades presenciais, a redução de custos, a agilidade nos atendimentos e os menores índices de internações e consultas desnecessáras mostram que as novidades vieram para ficar.

Os investimentos nas healthtechs brasileiras também dispararam em 2021, quando somaram US$ 704 milhões, alta de 727% em relação ao ano anterior.

  • Neste ano, marcado pela escassez de dinheiro para o capital de risco, o volume de investimentos nessas startups caiu para US$ 221 milhões.
  • Mesmo com a redução, o número ainda é mais que o dobro investido em todo o ano de 2020. Os dados são da plataforma Slinghub.

Na semana passada, a Isa, startup que aposta nos serviços de saúde a domicílio, anunciou que concluiu uma rodada de captação que totalizou R$ 90 milhões e usou parte da grana para comprar outra healthtech, a Saúde C.

Big techs na jogada: o interesse pelo setor também aparece nas gigantes americanas de tecnologia. Amazon e Microsoft desembolsaram grandes quantias recentemente para adquirir plataformas de saúde –One Medical e Nuance, respectivamente.

  • Apple, Alphabet (dona do Google) e Meta (dona do Facebook) não ficaram para trás e criaram plataformas próprias.

Mais sobre startups e nova economia:

As reportagens acima, publicadas pela Folha, foram produzidas a partir de aulas e conteúdos debatidos no curso Nova Economia, promovido pelo FolhaLab+ iFood.

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