TC faz corte e cita 'cenário macroeconômico', dizem demitidos

XP também teve desligamentos na última semana, de acordo com ex-funcionários

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São Paulo

A plataforma de investimentos TC (Trader's Club) fez uma série de demissões na última sexta-feira (25), segundo relatos de funcionários publicados em redes sociais. A corretora de investimentos XP também fez cortes nos últimos dias.

De acordo com empregados que afirmam terem sido desligados pela TC, a razão dada pela empresa para os cortes foi o cenário macroeconômico, mas sem detalhamento. As demissões foram feitas na sexta pela manhã. Cerca de 50 pessoas teriam sido dispensadas, afirmam os ex-funcionários.

O Trader's Club foi criado em 2015. É uma plataforma que fornece notícias, análises e cursos sobre investimentos. A empresa tinha cerca de 500 colaboradores e é listada na Bolsa.

Carteira de Trabalho e Previdência Social, em foto de arquivo - Gabriel Cabral/Folhapress

De acordo com o último relatório a investidores, do terceiro trimestre de 2022, a TC tinha 717 mil usuários cadastrados, sendo 69 mil pagantes. A receita no período, de R$ 17 milhões, foi 27% menor do que no trimestre anterior. Com isso, a operação teve Ebitda negativo (prejuízo antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 22,5 milhões.

Um dos profissionais que afirma ter sido dispensado disse, sob anonimato, que a equipe vinha acompanhando os balanços e temia cortes, mas acreditava que seriam feitos no ano que vem.

As dispensas atingiram áreas como programação e design, segundo relatos nas redes sociais. Parte dos desligados organiza um movimento no Linkedin para divulgar os nomes dos dispensados e, assim, ajudá-los a arrumar um novo emprego.

Em nota enviada à reportagem, a TC confirmou que fez cortes. "Conforme amplamente divulgado pela Companhia em seus últimos releases de resultados, o TC está focado em otimizar sua gestão de custos e despesas. Por isso, tem revisado, renegociado e reduzido gastos em geral, incluindo em seu quadro de colaboradores, com o objetivo de aumentar a eficiência e a rentabilidade da Companhia no curto prazo."

"O TC aproveita para agradecer a todos os seus ex-colaboradores por seu empenho e contribuição no período em que trabalharam conosco", prossegue o comunicado.

Na XP, ao menos seis pessoas postaram mensagens dizendo terem sido despedidas em um layoff nos últimos dias.

Em conversa com a Folha, uma delas disse que foi informada sobre o desligamento na última segunda (21), ao final do expediente. Também sob condição de anonimato, ela afirma que trabalhava em uma equipe com 20 pessoas, das quais apenas cerca de 4 teriam sido mantidas, e outras 2, realocadas de função.

A justificativa apresentada, segundo ela, é que o produto em que trabalhava não seria mais desenvolvido, além de necessidade de redução de custos.

Alguns dos demitidos relataram surpresa com o corte, porque estavam com passagens compradas pela empresa para viajar para São Paulo para a festa de fim de ano da empresa, marcada para o dia 2 de dezembro. Como a XP trabalha de modo 100% remoto, muitos empregados vivem em outros estados.

Procurada pela Folha para comentar as demissões, a XP não negou os cortes. A empresa respondeu, via assessoria, que "possui neste momento mais de 180 vagas abertas. Em 2022, a companhia contratou aproximadamente 2.500 pessoas em todos os estados do país, sendo 300 apenas em outubro."

"A empresa afirma ainda que possui menos de 2% de market share do mercado financeiro e que segue sua estratégia de inovação e transformação, investindo e priorizando negócios que atendam às necessidades dos seus clientes e tenham alto potencial de crescimento", prosseguiu a nota.

"O cenário macroeconômico de 2022 se confirmou mais desafiador do que esperado", disse o CEO da XP, Thiago Maffra, no último relatório a investidores, relativo ao 3º trimestre deste ano. No texto, ele disse esperar que o crescimento de despesas da empresa seja menor em 2023 do que foi em 2022.

"No início do ano, reduzimos o ritmo de contratações e identificamos iniciativas de redução de despesas que não prejudicariam o andamento dos novos negócios. Esperamos concluir 2022 e passar por 2023 com aumento do número de funcionários concentrado, basicamente, em assessores comerciais treinados dentro de casa", afirmou.

A XP informou no relatório ter R$ 925 bilhões em ativos de clientes e 6.948 colaboradores. A empresa teve lucro líquido ajustado de R$ 1,15 bilhão no terceiro trimestre deste ano.

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