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Valor da Petrobras já caiu mais que o da BP em 2010
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TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO
Após levantar R$ 120 bilhões na maior venda de ações no mundo, a Petrobras já encolheu US$ 11,27 bilhões (R$ 18,8 bilhões) em valor de mercado, resultado de um movimento de correção de preços deflagrado pelos mesmos bancos que venderam a capitalização da empresa.
Relatórios negativos de analistas, receio de ingerência política -e de envolvimento em escândalos- durante o período eleitoral, além da diluição dos ganhos e de desrespeito ao acionista minoritário são os motivos alegados para a recente "desgraça" da companhia.
No ano, o valor de mercado da Petrobras caiu 27,58% -mais do que o da BP, protagonista do enorme acidente ecológico no golfo do México, que caiu 26,26%, segundo a Bloomberg.
Em dez dias, a Petrobras perdeu o posto de quarta maior empresa do mundo (atrás de Exxon, PetroChina e Apple) e caiu para o oitavo lugar, depois do Banco Industrial e Comercial da China, da mineradora BHP, da telefônica China Mobile e da Microsoft.
"A empresa não tem fundamentos [motivos] para esse valor. O investidor não comprou ação uma semana atrás e descobriu agora que há ingerência política na empresa e que o retorno é baixo", disse Nelson Matos, analista do Banco do Brasil Investimentos.
"É de se estranhar um banco oferecer a ação para os investidores e, uma semana depois, aparecer dizendo que vale menos", disse Erick Scott, analista da SLW.
Ontem, após três dias de queda, as ações reagiram -as preferenciais (sem voto) subiram 2,77%, e as ordinárias (com voto), 2,44%.
Diante da instabilidade de preços, a empresa virou alvo de investidores que apostam na desvalorização dos papéis, segundo analistas. Quem acredita na baixa pode alugar a ação, vendê-la e comprar com preço menor.
"Ação da Petrobras virou papel de especulador. Não dá para saber o que ocorrerá em longo prazo com a companhia", disse Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).
Lentamente, a estatal ruma para seu valor patrimonial, soma dos ativos descontada as dívidas, de R$ 297 bilhões. Ontem, o valor de mercado era de R$ 361,5 bilhões, segundo a Economática.
Empresas de alto risco são negociadas duas vezes acima do valor patrimonial.
PESSOA FÍSICA
Os analistas recomendam que o investidor pessoa física nunca venda ações durante períodos de alta tensão, que podem ser de curto prazo. O conselho é esperar um período mais favorável para se desfazer do investimento.
Gigante, a capitalização despejou mais de 4 bilhões de ações, que os investidores domésticos e estrangeiros têm dificuldade em absorver.
Grande parte dos papéis foi comprada por fundos de pensão, que não costumam negociar as ações diariamente na Bolsa de Valores.
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