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08/11/2010 - 08h53

Cruzeiros criticam custo para operações de manobra de navios no porto de Santos

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AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

Os custos para operações de manobra de navios nos portos brasileiros, trabalho conhecido como praticagem, são os mais altos do mundo.

A acusação feita agora é da Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), a organização que reúne as empresas que exploram o turismo de cruzeiro pelo litoral brasileiro. A entidade comparou Santos com outros 53 portos, 48 estrangeiros.

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Levantamento da entidade indica que Santos, uma das principais escalas nos cruzeiros pelo Brasil, tem custo até 98% superior a outros portos internacionais. Não é a primeira entidade a se queixar desse custo.

O polêmico tema já foi alvo de críticas do Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica), entidade que reúne as companhias de navegação que fazem o transporte de cargas.

Estudo feito pelo Centro de Estudos em Gestão Naval do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP indicou que os custos da praticagem em Santos são muito mais elevados em comparação com outros portos.

O trabalho é questionado pela Praticagem de Santos, que também encomendou um estudo à Fundação Getúlio Vargas, cuja conclusão aponta custos brasileiros compatíveis com os portos internacionais com os quais o Brasil mais transaciona.

Moacyr Lopes Júnior/Folhapress
Passageiros embarcam em navio de cruzeiro no porto de Santos
Passageiros embarcam em navio de cruzeiro em Santos

O assunto voltou a movimentar o setor portuário com o início da temporada de cruzeiros no Brasil. Até maio de 2011, 20 navios de passageiros (todos de bandeira estrangeira) vão navegar pelo litoral do país carregando 886 mil cruzeiristas, número que representa um crescimento de 23% sobre o total da demanda na temporada 2009/2010.

É um negócio ainda em expansão, embora o ritmo de crescimento nas cinco temporadas anteriores tenha sido maior: 33%, segundo a Abremar. Neste ano, a atividade deve movimentar R$ 500 milhões.

O primeiro navio da frota de 20 navios que circulará por aqui nos próximos sete meses -o MSC Armonia- aportou na última sexta-feira no Terminal de Passageiros do porto de Santos.

Os bons resultados alcançados pelo setor têm, segundo Ricardo Amaral, presidente da Abremar, sido afetados pelos custos tarifários nos portos brasileiros.

No ano passado, a entidade afirma que o setor pagou US$ 51,4 milhões em taxas portuárias. Fazem parte dessa cifra os custos pagos pela praticagem.

Um navio de 70 mil toneladas paga mais de R$ 38 mil para que um prático suba a bordo para trazer a embarcação até o cais ou tirá-lo e levá-lo em segurança até a saída do porto de Santos.

O custo da praticagem chega a R$ 19 mil por manobra. Pode alcançar os R$ 22 mil (por manobra) se os navios forem maiores.

Editoria de Arte/Folhapress

Navios de mesma dimensão pagam pelos serviços de praticagem em Ilha Bela (SP) preços entre R$ 12,8 mil e R$ 16,5 mil por manobra. Em Salvador (BA), o valor varia de R$ 16 mil a R$ 17 mil. No Rio de Janeiro, outro destino importante, os custos são de R$ 15 mil.

Como comparação, a associação mostra que portos como Tenerife, nas Ilhas Canárias, têm custo bem menor, de US$ 1.400 por manobra. Em Atenas, na Grécia, a praticagem cobra US$ 2.300 também por manobra.

O custo da praticagem é um tema que já chegou à Secretaria Especial de Portos. A reportagem tentou falar com o secretário especial de portos, Pedro Brito, mas não obteve retorno.

Há um projeto de lei no Congresso Nacional propondo o fim do monopólio na prestação do serviço e a instituição de um regime de competição.

PACOTE

O custo da praticagem num pacote médio vendido por operadoras de cruzeiro no Brasil é de 3,6%. O percentual foi calculado considerando-se um pacote de cinco noites com embarque em Santos e com trechos que incluem escalas no Rio de Janeiro, em Salvador e de volta a Santos, passando por Ilha Bela.

O valor médio de um pacote com essa configuração para uma pessoa é de R$ 1.700, incluindo taxas, como as de embarque. O valor pago pelo serviço de praticagem em todas essas paradas atinge R$ 127 mil para um navio típico no Brasil, com 70 mil toneladas.

Em média, de acordo com a Abremar, um navio desse tipo tem cerca de 2.000 cruzeiristas. Com isso, o custo da praticagem seria de cerca de R$ 63 por pacote para toda a viagem.

 

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