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Espanha vê debandada de engenheiros
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LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mergulhada em uma taxa de desemprego duas vezes maior do que a média europeia, a Espanha vê sua mão de obra especializada deixar o país ou buscar trabalho em setores menos qualificados.
O setor da construção, por exemplo, que vivia um de seus melhores momentos antes da crise econômica, é um dos mais atingidos.
Com o estouro da bolha imobiliária, que sustentou o crescimento da Espanha na última década, o número de empregos no setor caiu de 2,697 milhões em 2007 para 2,404 milhões em 2008, ano em que a crise econômica derrubou o ritmo de crescimento do país.
O resultado, além de prédios abandonados em fase de construção por todo o país, é a debandada de mão de obra especializada da Espanha, criando uma nova geração de emigrantes.
Só em 2009, 102.500 espanhóis com alta qualificação deixaram o país, de acordo com o INE (Instituto Nacional de Estatística).
A engenheira Luna Palmis, 25, é uma delas. Desempregada desde fevereiro de 2009, ela decidiu ir a Londres estudar inglês, mas diz que aceitaria uma oferta do governo brasileiro.
"Acho que a situação na Espanha vai melhorar, mas não em um futuro imediato. Sendo otimista, estimaria uns dois ou três anos."
"Todo mundo está querendo sair daqui. Basta ter uma proposta de trabalho que as pessoas vão, qualquer que seja o país", disse o arquiteto Javier Alonso, 36, desempregado há sete meses (desde que a construtora onde trabalhava fechou as portas).
"Depois de 2008, todos os meus colegas foram demitidos, aos poucos, à medida que as obras iam acabando. Muitos prédios ficaram pela metade, e as vendas estacionaram", afirma.
MAIS QUE O DOBRO
Desde de 2009, a taxa de desemprego na Espanha tem oscilado na casa dos 20,6% da população economicamente ativa, mais que o dobro da média da União Europeia, de 9,6%, segundo a Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia.
Em números absolutos, são cerca de 4,5 milhões de pessoas desempregadas.
Em valores percentuais, no entanto, dá para ter uma ideia de como a construção perdeu espaço entre a população ativa do país. Em 2004, os empregados do setor (2,463 milhões) representavam 12% dos espanhóis com trabalho. Em 2009, eram 1% da população ativa.
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