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05/12/2011 - 02h30

Faltou combinar com os russos

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FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

Em muitas viagens ao exterior, o primeiro contato com o país de destino ocorre na hora de solicitar o visto. No caso da Rússia, onde estou para escrever sobre os 20 anos do fim da União Soviética, a experiência é bastante intimidatória.

Veja galeria com fotos sobre o fim da URSS.

Desde 2008, o Brasil e a Rússia colocaram em vigor um acordo para isenção de vistos em viagens de até 90 dias. O problema é que o documento bilateral não detalhava o que fazer com jornalistas. Esse vazio foi preenchido pelo lado russo no começo do ano.

Tratou-se da resposta ao episódio envolvendo o jornalista free-lancer brasileiro Solly Boussidan, preso em janeiro na cidade de Sochi, próxima à tensa região do Cáucaso e da Abkházia, enclave russo alvo de disputa com a Geórgia.

Com visto de turista, Boussidan publicou da Rússia um texto sobre o atentado no aeroporto de Moscou, que acabara de ocorrer. Detido por cinco dias, relatou ter sido interrogado por oito horas e ter ficado 48 horas sem comida.

Logo após o episódio, o governo russo enviou ao Itamaraty as condições para emitir visto a jornalistas brasileiros. Não foram poucas:

  • Carta (original, no papel timbrado) da diretoria da mídia, dirigida à Embaixada do Brasil em Moscou solicitando o visto e o credenciamento. O conteúdo da carta: informações sobre a empresa como a circulação, leitores e etc; objetivo da viagem; cidades a serem visitadas; período da viagem: de...a..., especificando o período de permanência em cada cidade em território russo.
  • Dados de voos e deslocamentos em território russo: número dos voos, aeroportos e horários de chegada e partida, origem e destino, mesmo que sejam deslocamentos internos feitos de ônibus ou trem;
  • Dados dos hotéis na Rússia: nome, endereço e telefone e nome da pessoa responsável pela reserva. Além da trabalheira, as novas regras engessam a viagem: não dá para mudar o roteiro nem esticar a permanência, já que o visto tem a duração exata do período da viagem. Restrições duras para um ofício que bebe da improvisação e do inesperado.

Outro problema é a demora na tramitação. No meu caso, sem contar a preparação de todas as exigências, foram 15 dias --ficou pronto 48 horas antes do meu embarque. Se eu tivesse de cobrir alguma emergência, chegaria bem depois da ambulância.

Não é por acaso que a Rússia aparece tão mal no mais recente ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras: está na posição 140, de um total de 178 países. O Brasil, que não é nenhuma maravilha, ocupa o número 58.

 

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