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03/05/2012 - 13h55

Jornalista francês foi capturado na região mais conflituosa da Colômbia

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PHILIPPE ZYGEL
hiDA FRANCE PRESSE, NA COLÔMBIA

Entre a cordilheira oriental dos Andes e a selva amazônica, neste local que chamam de "zona vermelha", considerado uma fortaleza da guerrilha no sul da Colômbia, o jornalista francês Romeo Langlois ficou preso no conflito armado colombiano.

Ninguém no município de La Montañita, onde fica localizado o povoado Unión Peneya, desconhece o destino de Langlois, capturado pela guerrilha comunista das Farc no dia 28 de abril em meio ao fogo cruzado de um combate quando se deslocava com as forças militares para realizar uma reportagem.

"Aqui as aparências enganam. Parece um paraíso e, de repente, se torna um inferno. A guerrilha não deixa de ameaçar. Lamentavelmente, este jornalista comprovou isso", comenta à AFP Roosbelt Figueroa, um agricultor de 39 anos, em um caminho de terra lamacento pela chuva.

Há dez anos, as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) forçaram 90 famílias a deixar o povoado de Triunfo, vizinho à Unión Peneya, onde ocorreu o confronto no qual Langlois foi reportado como desaparecido. Hoje apenas cinco famílias vivem ali.

"Vocês, franceses, não têm sorte", afirma um de seus moradores, ao lembrar que a poucos quilômetros deste local que abriga os principais laboratórios para a produção de cocaína foi sequestrada em 2002 a ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt, mantida como refém das Farc por mais de seis anos.

RESPONSABILIDADE

A Frente 15 das Farc, uma unidade regional da guerrilha integrada por 300 combatentes apoiados por cerca de 2.000 milicianos, segundo o Exército, reivindicou a captura de Langlois.

O repórter de 35 anos preparava uma reportagem para a rede de televisão France 24 e já havia realizado antes muitos trabalhos jornalísticos sobre o conflito armado da Colômbia.

"É um rapaz impetuoso que quis mostrar o verdadeiro rosto das Farc, que não têm nada a ver com o comunismo", descreve o general Javier Rey, comandante da Aviação do Exército e que autorizou a inserção de Langlois na patrulha militar posteriormente atacada.

"Ele está pagando por isso", acrescenta o oficial.

Seu relato da ofensiva guerrilheira parece um filme de guerra.

Depois de ter destruído um primeiro depósito de drogas, três helicópteros deixaram ao amanhecer cerca de trinta militares e o jornalista perto de um grande centro de armazenamento, onde 200 guerrilheiros, ao serem surpreendidos, abriram fogo.

"Os dois militares que estavam ao lado de Romeo para garantir sua segurança foram assassinados. Após seis horas de tiroteio, a dez metros de distância, ele se levantou e se entregou", narra o general Rey, ao destacar que o mau tempo na região impediu que os reforços afastassem os atacantes com mais rapidez.

REGIÃO DIFÍCIL

Mas até para uma divisão muito bem equipada de 7.000 soldados, a estação das chuvas complica as operações aéreas nesta região de vales, nas quais os caminhos acidentados também dificultam o trânsito terrestre, e onde percorrer dez quilômetros pode levar mais de uma hora.

Para incentivar a guerrilha a entregar o jornalista, o Exército suspendeu as ações militares na área, o que irritou alguns militares. "Fica mais complicado para nós e estão se aproveitando", disse um soldado em um posto de fronteira.

Mas a maioria dos habitantes da região é solidária ao jornalista francês. Um deles é Jorge Antonio Vallejo, fazendeiro de 35 anos. "As armas mandam aqui. Mas Romeo não tinha armas e não merece perder sua liberdade", afirmou.

 

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