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03/07/2012 - 19h01

Financial Times: Confiar no novo presidente do México

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DO "FINANCIAL TIMES"

A transição democrática do México foi menos violenta que a de boa parte da América Latina --e mais lenta, também. Isso se deve ao domínio notável do Partido Revolucionário Institucional (PRI), até ele perder a Presidência, em 2000. Agora, após as eleições do domingo, o PRI está de volta. Considerando que o partido governou o México por 71 anos de impressionante estabilidade, mas também corrupção e violência, muitos temem que o país esteja indo de volta para o futuro.

Receios como esses têm fundamento, mas são exagerados. O México mudou tanto nos últimos 12 anos que um retorno aos maus velhos tempos seria impossível, mesmo que o presidente eleito, Enrique Peña Nieto, quisesse conduzir o país nessa direção, algo que ele nega. "Fazemos parte de uma nova geração", ele disse em seu discurso de vitória. "Não haverá retorno ao passado."

Devemos acreditar em suas palavras? Peña Nieto já apresentou as linhas gerais de uma agenda sensata de reformas. A primeira prioridade dela é econômica: reforçar a macroeconomia mexicana, impressionantemente estável, com reformas estruturais que fomentem o crescimento e reduzam as desigualdades sociais persistentes. A prosperidade crescente, por sua vez, ajudará Peña Nieto a implementar sua segunda prioridade: a segurança. Ao mesmo tempo em que combate a criminalidade, sua meta principal aqui será reduzir a violência extrema, reconstruindo os sistemas policial e judiciário mexicanos, com isso pondo fim à ameaça sistêmica do crime organizado e construindo um país em que os cidadãos possam viver pacificamente. Reduzir os fluxos de drogas é uma tarefa secundária e será impossível enquanto os EUA continuar a ser o maior mercado mundial de drogas ilegais (será melhor deixar essa tarefa a cargo dos norte-americanos). É também essa a lição da Colômbia, frequentemente citada como sucesso na guerra às drogas.

Mas completar essas reformas exigirá enfrentar interesses poderosos. Quem vai vencer? É pouco provável que haja um momento decisivo. Ao invés disso, as brigas entre a vanguarda reformista do PRI e os "dinossauros" de sua retaguarda serão contínuas. Retrocessos inevitáveis levarão muitos a se perguntar até que ponto Peña Nieto está de fato engajado com um "novo México". Especialmente em vista das acusações de que seu partido teria conseguido o favorecimento da Televisa, a maior emissora de televisão do país, em troca de uma cobertura eleitoral favorável. Isso trouxe à mente os hábitos lamentáveis do passado do PRI.

Uma maneira de Peña Nieto reforçar suas credenciais reformistas seria a proibição formal de tais práticas. Isso ajudaria a reforçar a aprovação doméstica que o presidente necessita para garantir a aprovação das reformas pelo Congresso. Político hábil, Peña Nieto com certeza entenderá a conveniência disso.

Tradução de Clara Allain

 

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