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05/11/2012 - 04h00

Análise: Eleição escolherá quem fica com o crédito da recuperação econômica

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DAVID LEONHARDT
DO "NEW YORK TIMES"

WASHINGTON - A crise imobiliária finalmente parece ter acabado nos EUA. Os gastos com saúde desaceleraram. O índice de desemprego caiu abaixo de 8%. A confiança do consumidor atingiu o maior nível pós-recessão.

Nunca foram tão evidentes os sinais de uma recuperação. O que torna ainda mais importante a eleição presidencial.

O vencedor poderá se gabar de ser o presidente que tirou o país de um longo declínio econômico. Ambos os lados sabem disso.

Reservadamente, o presidente Barack Obama e seus assessores se irritam com a ideia de que Mitt Romney leve o crédito pela recuperação. Publicamente, Obama enfatizou as boas notícias econômicas nas últimas semanas.

Romney, por sua vez, diz esperar que a economia melhore no começo do seu mandato devido ao otimismo sobre o que ele fará.

Além da recuperação econômica, outros dois fatores dão importância reforçada à eleição.

Um deles é o abismo fiscal, os US$ 600 bilhões em cortes de gastos e aumentos tributários que entram em vigor em 1° de janeiro. Eles permitirão que o presidente molde o futuro do governo americano sem precisar de uma grande ação legislativa. Obama ou Romney ajudarão a determinar se os impostos sobre os ricos subirão e o que acontecerá com os gastos em defesa, educação, ciência e energia alternativa.

O mandato de Obama resultou no mais significativo conjunto de políticas de um governo democrata em meio século. Assertivo, o Partido Republicano promete revogar muitas dessas políticas.

A lei da saúde obamista é a maior expansão da rede de segurança desde a criação do Medicare (seguro-saúde para idosos) e o mais agressivo ataque à desigualdade desde 1980.

Na educação, os democratas ampliaram a ajuda financeira ao ensino superior e estimularam dezenas de Estados a tornarem as escolas responsáveis financeiramente. O pacote de estímulo de 2009 também ampliou e reformulou projetos de infraestrutura, combate à pobreza e pesquisa.

Embora os EUA não tenham aprovado uma lei climática abrangente, o governo elevou as exigências ao consumo de combustível e ofereceu subsídios que permitiram uma explosão na indústria da energia solar e eólica.

Os americanos tendem a julgar um presidente mais pela economia do que pela composição partidária do seu plano. Muitos acreditam que um presidente que pareça forte pode levar o país para a direção que desejar.

O paradoxo, claro, é que o presidente só tem efeito limitado sobre a condição da economia, especialmente em curto prazo.

Se Romney for o presidente da recuperação, ele poderá se apresentar como uma figura reaganiana. Ele poderia tornar permanentes os cortes tributários do governo Bush, inclusive para quem tem renda anual superior a US$ 250 mil.Poderia ainda promover uma reforma tributária e uma desregulamentação. Poderia tentar eliminar muitos dos subsídios para os planos de saúde presentes na legislação de Obama. Os republicanos sinalizaram que tentariam também aumentar os gastos militares e reduzir os gastos com o Medicaid, o programa de saúde para os pobres.

Em suma, Romney poderia tentar prorrogar e ampliar a era Reagan, em vez de iniciar um novo período de política doméstica, como fez Obama. Para Obama, um segundo mandato com uma recuperação da economia consolidaria as políticas do primeiro mandato. Permitiria que ele argumentasse que a estratégia econômica dos democratas é muito superior à dos republicanos, citando não só o seu próprio caso, mas também a atuação econômica de Clinton, positiva, e de Bush, negativa.

O abismo fiscal poderia lhe dar força para exigir aumentos tributários para os ricos, com desoneração dos demais. Ele já indicou que aceitará cortes no Medicare, no Medicaid e em outros programas sociais, mas menores do que os republicanos desejam. Ele pode também ampliar programas de pesquisa científica e energia alternativa e tentar, em 2013, promover a reforma migratória.

O próximo presidente provavelmente não irá determinar o destino da economia em 2013. Mas a economia ajudará a determinar o poder do próximo presidente para moldar o país. Neste momento, há boas razões para ser otimista quanto à abrangência desses poderes.

 

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