Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
06/11/2012 - 17h00

Empate técnico aumenta importância de voto de americanos expatriados

Publicidade

ERIK KIRSCHBAUM
DA REUTERS, EM BERLIM

Com a disputa presidencial americana apertada demais para que seja possível prever o vencedor, centenas de milhares de americanos residentes na Europa vêm enviando seus votos pelo correio, com o sentimento de que podem realmente fazer uma diferença no dia 6 de novembro.

De Berlim a Paris e de Londres a Madri, esses eleitores vêm acompanhando de perto a batalha entre o presidente democrata, Barack Obama, e seu rival republicano, Mitt Romney. Mas a temperatura emocional está vários graus mais baixa que quatro anos atrás, quando a maioria dos eleitores americanos fora do país se uniu em torno de Obama, após dois mandatos de George W. Bush, que muitos consideravam ter maculado a imagem do país no exterior.

Tanto republicanos quanto democratas vêm cortejando o voto dos americanos radicados no exterior, especialmente desde 1988, quando os votos de eleitores ausentes inverteram o resultado de uma disputa pelo Senado na Flórida, permitindo à republicana Connie Mack vencer o democrata Buddy MacKay, que liderava no momento de fechamento das urnas, numa virada de última hora.

Os votos de eleitores ausentes também fizeram a diferença em outra disputa do Senado em 2008. O democrata Al Franken estava perdendo por 215 votos, mas acabou vencendo com a ajuda dos votos de eleitores no exterior.

O fato de a corrida presidencial estar virtualmente empatada, segundo indicou uma pesquisa Reuters/Ipsos, tornou o voto dos americanos no exterior mais importante que nunca. Organizações de Republicanos no Exterior e Democratas no Exterior vêm se esforçando ao máximo para fazer americanos expatriados se cadastrarem e votarem em seus Estados de origem.

"Os americanos radicados na Alemanha estão interessadíssimos na eleição deste ano, mas nervosos também", disse a cantora lírica Nancy Green, diretora da Democratas no Exterior em Berlim. Eleitora no Estado de Nova York, ela ajudou centenas de americanos a se cadastrarem em seus respectivos Estados este ano. "Todo o mundo sabe que será uma disputa muito, muito apertada."

Cidadãos americanos que queiram votar precisam estar cadastrados com antecedência em um Estado, cada um dos quais tem prazos e regras diferentes. Embora não existam dados disponíveis sobre a distribuição do voto dos americanos radicados no exterior, ele pode ter um impacto em Estados indecisos chaves, como Ohio, Flórida e Virgínia.

Os estimados 250 mil americanos residentes na Alemanha --a quarta maior comunidade americana expatriada no mundo-- tradicionalmente favorecem candidatos republicanos, devido em parte ao grande contingente de militares mais conservadores estacionados na Alemanha e aos esforços coordenados das forças armadas de fazer 50 mil soldados americanos no exterior votar.

Mas essa situação mudou em eleições recentes, na medida em que aumentou o desencanto com Bush na Alemanha e toda a Europa --embora o cientista político James Walston, da Universidade Americana em Roma, creia que, mesmo assim, os militares americanos no exterior irão, em sua maioria, votar em Romney. "Os soldados tendem a ser eleitores republicanos, em sua maioria, porque a maioria deles vem dos Estados do sul e centro do país, onde os republicanos vencem."

Mas civis americanos radicados no exterior parecem ser mais influenciados pela postura avassaladoramente pró-Obama dos países europeus em que vivem. Muitos americanos na Europa, por exemplo, não entendem por que os republicanos se opõem ao sistema de saúde nacional, algo que a maioria dos europeus vê como um direito que não se questiona.

Uma pesquisa de opinião do instituto Emnid constatou que 87% dos alemães votariam em Obama e apenas 5% para Romney, se pudessem votar na eleição dos EUA. Esses números são semelhantes aos resultados de pesquisas com alemães feitas quatro anos atrás.

Na França, uma pesquisa CSA constatou 67% de preferência por Obama, versus 5% por Romney. Em 2008, a mesma pesquisa apontou 83% dos entrevistados a favor de Obama e 10% a favor do republicano John McCain.

No Reino Unido, onde vivem 400 mil americanos, vários deles admitiram que nesta eleição os sentimentos estão mais comedidos e que eles estão menos entusiasmados por Obama. A maioria parece estar desiludida, depois de a promessa de esperança e mudanças ter sido frustrada pela política partidária e os obstáculos levantados no Congresso.

"Esta eleição é diferente", disse o executivo de marketing Kendred Dove, 25 anos, cujo voto será contabilizado no Arizona. "Em 2008, depois de Bush, houve uma forte reação contra os republicanos. Obama simbolizava um futuro novo e animador, além de contar com o fator celebridade. Hoje, nenhum dos dois candidatos tem o fator celebridade."

Americanos radicados em Berlim, Paris, Madri e Bruxelas e escolhidos aleatoriamente para ser entrevistados disseram que tendem a favorecer Obama, mas com menos entusiasmo que em 2008.

Tradução de CLARA ALLAIN

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página