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Paralisação na Espanha é marcada por choques
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LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI
A Espanha encabeçou as greves de ontem na Europa com uma paralisação generalizada, a segunda sob a gestão do primeiro-ministro conservador Mariano Rajoy em menos de oito meses.
O país teve o maior número de setores parados, com adesão de 76% dos trabalhadores, segundo os sindicatos. Ao menos 142 pessoas foram detidas em manifestações.
Em Madri e em Barcelona, houve fortes enfrentamentos entre manifestantes e policiais. O principal deles aconteceu no início da noite na capital catalã, onde policiais dispararam tiros de borracha contra manifestantes.
Também na Catalunha, em Tarragona, dois policiais agrediram um menino de 13 anos que acompanhava seus pais com golpes de cacetetes.
"Estamos lutando para que nossos filhos tenham acesso a direitos sociais que nossos pais levaram 40 anos para conseguir", disse a administradora Pilar Asunción, 43.
Os manifestantes exigiam que o governo modificasse sua proposta de Orçamento, que contém cortes severos em setores como saúde e educação. O governo declarou no fim do dia que não mudará suas propostas --ontem aprovadas na Câmara dos Deputados.
A maior concentração aconteceu em Madri no fim da tarde, quando cerca de 1 milhão de pessoas, segundo os organizadores, protestaram no centro da capital. Apesar da adesão alta de trabalhadores, a greve de ontem teve menos participantes que na última paralisação, em março.
A avaliação de analistas e sindicatos ouvidos pela Folha é que, com mais desempregados e menos pessoas trabalhando, o número de paralisações computadas também caiu. Mesmo assim, sindicatos classificaram o dia como um marco na união dos europeus contra a austeridade.
O setor de indústrias foi o que mais aderiu à greve, seguido por transporte e comércio. Cerca de 90% das fábricas fecharam as portas. Entre os transportes, 50% da rede ferroviária não funcionou, e 232 voos que saíam de aeroportos espanhóis foram cancelados --um deles para São Paulo.
No Parlamento, 30 deputados aderiram à greve, a maioria de partidos minoritários de esquerda, e dez deputados socialistas levantaram cartazes pró-greve durante sessão.
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