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16/11/2012 - 15h12

Novo chefe do PC chinês terá dificuldade para reformar economia

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BORIS CAMBRELENG
DA AFP, EM PEQUIM

Com seu estilo direto, o novo líder do Partido Comunista chinês, Xi Jinping, desperta esperanças de mudanças. Mas ele enfrentará muitos obstáculos para implementar as reformas econômicas que a população espera.

"Nosso povo quer que seus filhos cresçam melhor, tenham empregos melhores e vivam em condições melhores. Nosso objetivo é lutar para conquistar isso", disse Xi na quinta-feira, em seu primeiro discurso como chefe do Partido Comunista.

Na última década, o PIB chinês passou do sexto lugar mundial para o segundo, mas, ao mesmo tempo, elevou a disparidade entre ricos e pobres e entre as cidades e o campo. As estatais chinesas se converteram em pesos pesados ativos nos centros financeiros do mundo inteiro, e o Estado financiou a construção de rodovias, ferrovias e aeroportos, contribuindo para o crescimento espetacular das cidades.

O problema é que o consumo, apesar do aumento constante, não vem seguindo o mesmo ritmo do crescimento macroeconômico, e os chineses são obrigados a continuar poupando muito para poder custear a saúde e educação de seus filhos.

O modelo é pouco sustentável, ainda mais quando a política de financiar obras infraestruturais com a máquina de imprimir cédulas de dinheiro gera inflação, o ambiente se degrada, e milhões de chineses estão frustrados por não entrarem na sociedade de consumo. Embora irigentes coincidam quanto à necessidade de mudanças, continua a haver divergências quanto ao papel do Estado na economia e o ritmo em que a China deve mudar.

"Há interesses estabelecidos que criam obstáculos à evolução", observa Mark Williams, da consultoria Capital Economics.

Segundo Andrew Polk, economista da assessoria The Conference Board, especializado na China, mais além dos interesses de determinados setores, como a indústria pesada ou construção, é preciso que sejam enfrentados desafios mais fundamentais, como elevar o custo do capital e racionalizar o mercado de crédito, o que gerará um crescimento mais lento, mas de qualidade melhor.

Empresas estatais desfrutam atualmente de acesso privilegiado ao crédito barato, em detrimento do setor privado. De acordo com Andrew Polk, a nova liderança suprema do país, composta de sete membros, parece à primeira vista mais conservadora do que se esperava. Apesar disso, os novos dirigentes chineses parecem, de modo geral, muito conscientes da necessidade de serem tomadas decisões difíceis para tornar o modelo de crescimento mais sustentável.

Em última análise, adverte Polk, o desaquecimento mundial pode forçar a liderança chinesa a agir.

Os novos dirigentes, em princípio, não vão favorecer os velhos métodos para estimular o crescimento mediante o investimento e obras de infraestrutura.

Mas haverá uma resistência forte no interior do sistema, prevê Richard McGregor, autor do livro "O Partido: o Mundo Secreto dos Governantes Chineses", publicado em 2010.

Se os novos hierarcas aplicarem as reformas, a economia crescerá no ritmo médio de 7% a 8% nos próximos anos, prevê Williams, para quem, se isso não for feito, o crescimento poderá cair para 5%. Por último, para frear a corrupção, os governos locais, cujas finanças dependem muito das vendas de terrenos a construtoras, poderiam receber mais recursos do Estado para que seu financiamento seja mais sustentável e transparente, segundo a agência de classificação Standard & Poor's.

Tradução de CLARA ALLAIN

 

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