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Afeganistão acobertou fraude de US$ 860 mi em banco
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MATTHEW ROSENBERG
DO "NEW YORK TIMES, EM CABUL
Interferência política vem prejudicando os esforços para deslindar a colossal fraude sofrida pelo Kabul Bank, no Afeganistão.
O presidente afegão, Hamid Karzai, e um pequeno grupo de seus principais assessores estão ditando diretamente aos promotores encarregados de conduzir o processo quem deve e quem não deve ser acusado, de acordo com funcionários afegãos e de governos ocidentais.
O escândalo, descoberto após uma investigação preparada pela empresa Kroll a pedido do Banco Central, consistia em um esquema de empréstimos forjados para pessoas próximas ao regime.
Os empréstimos eram auditados por empresas fictícias ligadas ao esquema.
Cerca de US$ 860 milhões, ou 5% do PIB do país asiático, teriam sido desviados para contas no exterior, o que levou à quebra do banco, o maior do país.
Os indiciamentos referentes ao caso foram definidos como um importante primeiro passo para por fim impor a prestação de contas a autoridades que se beneficiaram do esquema.
Algumas das pessoas que tinham grandes participações acionárias no banco e receberam milhões em empréstimos cujo pagamento nunca foi cobrado, entre as quais Mahmood Karzai, irmão do presidente, e Haseen Fahim, irmão do primeiro vice-presidente do Afeganistão.
Eles não constam da lista de indiciados na investigação, no entanto.
Aimal Faizi, porta-voz do presidente Karzai, disse que ele responderia a todas as muitas "alegações" quanto à condução da crise do Kabul Bank pelo seu governo em uma entrevista a ser concedida dentro de alguns dias.
As implicações para o país são potencialmente imensas. O caso do Kabul Bank vem cada vez mais sendo encarado como um teste por alguns países doadores ocidentais que precisam decidir se continuarão a despejar bilhões de dólares no governo afegão, agora que a missão de combate das forças da Otan está chegando ao final.
"Se não houver condenação desses caras", disse um importante funcionário ocidental, "os doadores vão reagir com severidade. Sem assistência dos doadores, o governo se desmantelaria".
O funcionário estava falando especificamente de dois homens suspeitos de orquestrar a fraude: Sherkhan Farnood, fundador e ex-presidente do conselho do Kabul Bank, e Khalilullah Frozi, ex-presidente do banco.
Os dois são suspeitos de serem os maiores beneficiários dos roubos praticados pelo Kabul Bank, e estão em julgamento na companhia de outros executivos da instituição que ajudaram a executar ou encobrir o esquema.
Autoridades norte-americanas e europeias acreditam que as acusações contra esses funcionários deveriam ser por deficiência nas investigações ou esforços para bloquear a investigação séria do Kabul Bank.
Nem o relatório e nem a auditoria forense identificaram provas de que os funcionários do Banco Central foram cúmplices nas fraudes.
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